O IBGE mudou a maneira de aferir o PIB do país. A fotografia da economia brasileira melhorou um pouquinho, mas nada que seja suficiente para alterar a dinâmica do filme. A desaceleração mantém-se e, no desempenho comparado, continuamos saindo-nos pior que as nações vizinhas e em descompasso com um mundo em franca recuperação.
Com o novo método, foram revisados os PIBs de 2001 a 2011. A mudança segue tendência mundial, recomendada pela ONU e já adotada em 31 países da OCDE. No fim do mês, também será conhecida a série revisada de 1995 a 2000.
Entretanto, a leve melhora do PIB, principalmente no resultado de 2011, o primeiro ano do governo da presidente Dilma Rousseff, não pode, nem de longe, ser cantada como vitória, como ensaia o discurso oficial. Mesmo melhorando um naco, ainda somos o patinho feio no concerto global das nações.
Em 2011, segundo o novo método o Brasil cresceu 3,9% e não os 2,7% anteriormente medidos. Os números de 2012 e 2013, também maiores, serão conhecidos no fim do mês, junto com o resultado de 2014. A melhora deve-se, entre outros aspectos, à incorporação de novos investimentos ao cálculo, ao menor peso da indústria na nova regra e a novas e mais amplas bases de dados.
A questão é: isso melhora ou não a situação da economia brasileira quando vista em cotejo com as demais? A resposta é cristalina: nem um pouco. Os 3,9% agora calculados para 2011 fazem do Brasil apenas o 17° entre os 20 países da América Latina. Se antes só batíamos El Salvador, o novo empuxo permitiu ao Brasil apenas superar Cuba e Honduras.
A média de crescimento do primeiro mandato de Dilma também aumenta, mas nada que a livre de continuar a ser a presidente com o terceiro pior desempenho econômico em toda a história da nossa República: 1,8% ao ano.
A taxa de investimentos também aumentou um pouco, para a casa dos 20% do PIB. Nada que dê muito alento, quando se sabe que um país como o Brasil precisa de, pelo menos, 25% para voltar a crescer – em países como a Índia, situa-se em 35%.
A nova metodologia vai impactar, para melhor, alguns indicadores fiscais, como a relação dívida/PIB. Mas irá forçar o governo a elevar em R$ 4 bilhões o arrocho nas contas públicas previstos para este ano, caso pretenda manter a meta de 1,2% do PIB (alguns analistas apostam, porém, que o valor absoluto, que é de R$ 66 bilhões, não será alterado).
A perspectiva para o PIB deste ano, que já era ruim, tende a ficar pior. A explicação está no maior peso dos investimentos nas contas nacionais. A crise da Petrobras, as investigações da Lava Jato e o desalento com o país deverão, naturalmente, empurrar o resultado ainda mais para baixo. Não importa o método que se empregue, é recessão à vista.