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Polícia faz megaoperação contra traficantes na cracolândia

As polícias Civil e Militar realizaram neste domingo (21) uma megaoperação na Cracolândia, no centro de São Paulo, contra o tráfico de drogas. O governador Geraldo Alckmin e o secretário da Segurança Pública, Mágino Alves, acompanharam a ação. “O trabalho é policial para apreender droga, prender traficante e pegar arma”, disse o governador. A ação resultou na prisão de 38 pessoas, apreensão de drogas e armas e destruição das barracas que serviam como ponto de venda.

Perto de mil policiais, sendo 496 policiais militares e 480 civis, participaram da operação, incluindo quatro helicópteros, 35 motos, 69 viaturas, 13 veículos pesados, 49 cavalos, 5 cães farejadores e dez bases móveis. A megaoperação policial é o primeiro passo para retirar a Cracolândia da região central. A polícia cumpriu no local 69 mandados de prisão temporária e 80 mandados de busca e apreensão. A operação é comandada pelo Denarc (Departamento de Narcóticos de São Paulo).

Chefes do tráfico foram presos também em outras regiões da cidade. O traficante “FB”, um dos mais procurados do Estado e apontado como líder do tráfico na Cracolândia, foi detido em Caraguatatuba; enquanto “Leo” foi preso na zona oeste da capital – ele é suspeito de ser mandante do assassinato de Bruno de Oliveira Tavares, socorrista carioca que foi sequestrado e morto ao tentar resgatar uma usuária de drogas na região da Luz.

“Esse é um problema crônico, social e de saúde pública. Nós temos hoje 3.327 vagas para o tratamento dos dependentes”, afirmou Alckmin, lembrando que ao lado da Cracolândia, no bairro do Bom Retiro, fica o CRATOD (Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas), com atendimento 24h por dia. “Temos também a área para tratamento ambulatorial. O trabalho social será permanente, de abrigo para as pessoas que quiserem ir”, ressaltou.

O secretário da Saúde, David Uip, também acompanhou a operação e falou sobre o acompanhamento aos dependentes químicos. “A operação facilitará o nosso atendimento de rua e nos prédios do Governo do Estado, para tentar auxiliar o dependente a se desvencilhar de uma epidemia mundial. O Brasil é líder nas epidemias de crack, cocaína e maconha”, disse.

O Programa Recomeço, do Governo do Estado, mantém 3.327 vagas em leitos de desintoxicação, observação, moradias comunitárias, comunidades terapêuticas, repúblicas e casas de passagem, disponíveis aos usuários de drogas. Mais de 86 mil abordagens foram realizadas pelo programa desde o seu início, em 2013, enquanto o Cratod registra 53 mil pessoas atendidas.

Revitalização do centro
Alckmin também destacou o trabalho de revitalização da região da Nova Luz com a construção de moradias populares por meio de Parceria Público Privada. “Na PPP do centro, nós faremos 1.300 apartamentos. Nós traremos de volta as pessoas para morar aqui, com comércio e escola de música. Toda a região em frente à Sala São Paulo. É um trabalho de ocupação da área e para trazer de volta a população ao centro expandido”, afirmou.

As obras do Complexo Júlio Prestes começaram em janeiro. O empreendimento pretende revitalizar a região com o fluxo de moradores dos oito blocos e dos clientes dos comércios que serão instalados no residencial. O Complexo terá mais apartamentos do que o edifício Copan, que conta com 1.160 unidades. A previsão de conclusão das obras é de 36 meses.

Acolhimento 

Com a operação, Prefeitura de São Paulo passou a ter condições de realizar os trabalhos de acolhimento e tratamento aos dependentes químicos, assistência às pessoas em situação de rua e reurbanização da região.

O acolhimento dos dependentes e moradores em situação de rua foi iniciado já neste domingo. Eles serão encaminhados ao Centro Temporário de Acolhimento (CTA), na região do Brás, e no Complexo Prates, na  Luz, mais próximo à região onde ficava a cracolândia.

“A ação da polícia teve um planejamento exemplar, foi muito bem coordenada”, disse o prefeito João Doria, que também esteve no local. “À diferença do passado, fizemos uma ação conjunta, um trabalho integrado, planejado entre estado e município que compreende quatro ações”, completou.

Segundo o prefeito, a primeira ação foi a policial, focada na prisão de traficantes e realizada na megaoperação que envolveu mais de 900 homens das policias Civil e Militar. “A segunda ação é a de acolhimento (e atendimento de saúde) dos dependentes, a terceira, de acolhimento de moradores de rua que não são dependentes e a quarta, de reurbanização do local.” A guarda civil dará segurança.

As ações sociais e de saúde e o programa de reurbanização são o tripé do Programa Redenção, que será realizado em parceria com o Governo de São Paulo.

Durante a visita deste domingo, em que esteve acompanhado pelo governador Geraldo Alckmin, Doria frisou a importância do planejamento conjunto realizado com o Governo do Estado.

“Conforme disse o governador, nós não vamos conseguir acabar com um problema histórico, mas reduzi-lo sensivelmente”, afirmou o prefeito, referindo-se ao consumo do crack. ”E acabar com o shopping center ao ar livre vendendo drogas 24 horas por dia para dependentes de outras áreas. Este verdadeiro shopping ao ar livre acabou.”

Reurbanização

O processo de urbanização será composto por um programa de utilização dos espaços públicos, construção de moradias populares e investimentos privados. Será tocado paralelamente com os trabalhos de assistência social e saúde aos dependentes químicos.

Por isso que neste domingo, além do acolhimento às pessoas, foi iniciada a demolição dos imóveis abandonados que eram usados para o consumo de drogas. Os prédios habitados somente passarão pelo processo após o cadastramento e o atendimento social dos moradores. Os imóveis privados serão desapropriados judicialmente em processos que preveem o pagamento de indenizações.

Após o processo de demolições, serão construídas habitações de interesse social, uma creche, uma escola pública e um CEU. “Tudo será feito dentro da PPP da Habitação, em parceria com o Governo do Estado”, explicou o secretário de Serviços e Obras, Marcos Penido (confira entrevista do secretário em vídeo).

Neste primeiro momento, a região onde haverá as obras será cercada por tapumes e ocupada. A meta é evitar que o movimento de dependentes seja restabelecido na região.

“Por isso, o trabalho social será reforçado”, explicou o secretário de Assistência e Desenvolvimento Social, Filipe Sabará (confira a entrevista neste vídeo). Um dos objetivos do trabalho social é conseguir empregos aos dependentes químicos por meio do programa Trabalho Novo.

Conforme o programa Redenção, os dependentes terão acesso a uma cesta com várias abordagens terapêuticas. A ideia é que cada um deles seja avaliado individualmente, para que sejam encaminhados à abordagem terapêutica mais indicada, em acordo com seu histórico pessoal.

Para os que precisam ser internados, serão disponibilizados 276 leitos hospitalares. Os que podem ser tratados fora do regime de internação serão atendidos pelos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), para que sejam reabilitados e possam integrar o programa Trabalho Novo.

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