Coluna Miriam Leitão
Por Valéria Maniero
Para Eduardo Viola, professor do Instituto de Relações Internacionais da UNB, a política externa brasileira em relação ao Irã é um desastre. Depois da China ter concordado com os Estados Unidos em relação às sanções para deter o programa nuclear do país, somente o Brasil e a Turquia defendem as negociações até o último minuto.
– Primeiro foi a Rússia, e agora, a China. Enquanto isso, o Brasil vai para outra direção e fica deslocado. É o maior desastre da política externa brasileira. Equivale a uma medida megalomaníaca, já que parte do grupo acha que o Brasil pode mediar uma situação dessas, e a um nacionalismo atrasado – explica Viola.
Segundo o professor, as sanções devem ser impostas à Guarda Revolucionária Islâmica – força militar de orientação ideológica, que tem uma estrutura de comando separada das Forças Armadas regulares, e não à sociedade.
– A ameaça de sanção, que é correta, não pode ser contra o povo. Tem de tocar o poder da Guarda. Esse é o único caminho – diz Viola, para quem o Irã é uma sociedade dividida, onde a maioria quer a redemocratização.
Ontem, a Casa Branca informou que EUA e China trabalharão juntos para estabelecer sanções ao Irã. Como O Globo mostrou na edição de hoje, 47 países participam da Cúpula sobre Segurança Nuclear, em Washington, cujo objetivo é evitar que o material nuclear caia em mãos de terroristas.