Por quanto tempo Dilma conseguirá manter elevados os índices de aprovação de seu governo e sua avaliação pessoal?
Há, de fato, uma componente subjetiva que sustenta os índices da presidente: sua conduta mais serena, menos histriônica, aparentemente mais séria que o mandatário anterior, ainda que, por vezes, resvalando pela arrogância, como se vê agora quando se dá o direito de dar lições aos governantes alemães e franceses, como se aqui, em seu país, vivêssemos no melhor dos mundos.
Contudo os dados objetivos de seu período de governo – já agora atingindo a metade do mandato – não apontam para um final tão auspicioso. O crescimento econômico, o “pibinho”, em especial do setor industrial, é o menor desde a era Collor e um dos menores dentre os países emergentes ( é o lanterninha na América Latina ), os investimentos, sejam nacionais ( públicos e privados ) ou estrangeiros escasseiam, a nossa infra estrutura é cada vez mais ineficiente, as exportações recuam e a inflação teima em se manter acima da meta oficial, já por si só muito alta tendo em vista a estagnação da economia.
O que sustenta os índices tão elevados de avaliação pessoal e de seu governo, além daqueles fatores subjetivos descritos, são os baixos índices de desemprego, a variação positiva dos salários reais e, particularmente, a manutenção da capacidade de consumo da população através da ampliação do crédito ao consumidor.
Parece um paradoxo, uma contradição, mas não é, se vistos todos esses elementos a curto prazo. Mas, a médio e longo prazo, isso é sustentável? Me parece que não.
Dilma tem consciência disso. Sabe que está comprometendo o futuro. Está tentando ganhar tempo, na esperança da mudança do quadro internacional, tomando medidas pontuais, aqui e ali, que possam lhe dar um pouco de oxigênio para avançar nos dois próximos anos, visando as eleições de 2014 e a sua manutenção no poder. Mas o cerne da questão está na baixa credibilidade que se abate sobre o seu governo perante os investidores, na economia fechada em que ainda nos encontramos, na máquina pública incompetente e corrupta, produto de uma década de ações que destruíram a sua eficiência e a sua eficácia em benefício de alguns setores da economia e das forças políticas que do poder se apropriaram.
Ela parece incapaz de reverter esse quadro. É refém de um passado do qual faz parte e dele foi responsável e beneficiária. Tem compromissos políticos que não lhe permitem romper com o “status quo”. O conjunto de forças que está no poder não tem condições de enfrentá-lo para realizar as mudanças necessárias.
Poderá chegar às eleições de 2014 empurrando tudo com a barriga e obter um novo mandato? Sim e não, são duas respostas igualmente possíveis. O futuro ainda não está escrito mas é certo que, em algum momento, a demanda do povo por mudanças vai emergir com força.


