Andrea Matarazzo
Dos mais de 130 milhões de eleitores brasileiros, poucos têm conhecimento da legislação que determina as regras para eleições no país. Só quem realmente está envolvido no processo político sabe, por exemplo, que há prazo para um prefeito ou governador se desligar do cargo caso deseje concorrer a uma eleição no ano corrente. Entre as várias determinações da legislação eleitoral brasileira, há uma que discorre sobre as convenções partidárias: nos anos em que haverá eleições, os partidos políticos devem se reunir no mês de junho para escolher seus candidatos e homologar suas coligações. Porém, não há previsão ou regras para o processo de escolha e, tampouco, para a realização de pré-campanhas. É esse o tema que pretendo abordar aqui.
Essa pauta, ainda pouco debatida no Brasil, está sempre no ar, permeando o universo político-partidário. Guardadas as diferenças culturais e legais, nos Estados Unidos o processo de escolha prévia de candidatos conhecido como primárias é um modelo a ser analisado. Lá, os procedimentos, já bastante conhecidos, estão consolidados; candidatos chegam a percorrer o país inteiro apresentando suas ideias, debatendo e recebendo sugestões.
Levado à militância partidária, o debate reacende a participação política local, fomenta a identificação dos problemas e a busca de soluções. Diferentemente do que alguns analistas políticos pensam, os cidadãos, quando chamados devidamente a participar, se interessam, e muito, pela discussão daquilo que muda suas vidas. Na política atual, ser eleito é resultado não só das campanhas eleitorais, como também da capacidade de diálogo com o eleitor e do convencimento prévio de que é possível atender às demandas da população.
Partindo desse ponto de vista, o PSDB paulista iniciou, em 2011, o procedimento para escolha do seu candidato a prefeito de São Paulo, de forma democrática e com a participação de toda a militância.
A cidade foi dividida em regiões de acordo com os diretórios do partido, se estabeleceu uma profusão de propostas; debates mobilizaram a sociedade, a imprensa e os movimentos populares, reacendendo a participação política e, também, entusiasmando os militantes, já acostumados com a imposição de candidaturas.
A militância, que não se organizava mais como nos primórdios da formação do partido, passou a ser ouvida. Sem dúvida, esse é o meio para que se possa entregar a cada região o que ela precisa.
Uma coisa é certa: o processo de prévias ora consolidado garante mais e melhores condições de participação da sociedade.
O PSDB deu um salto enorme na direção de antecipar o debate de ideias e conhecimentos entre seus candidatos. O partido teve de ouvir seus dirigentes e a população em suas várias regiões e especificidades. Com isso, nos permitimos prever mais acertadamente o que se espera da condução do futuro programa de governo para a cidade de São Paulo. Com certeza, marcaremos uma era em que a população poderá cobrar resultados com maior facilidade e estará mais segura para saber quem realmente tem condição de apontar o rumo e liderar o desenvolvimento com qualidade que todos queremos.