Pela segunda vez, o PSDB da capital vai decidir seu candidato à Prefeitura de São Paulo por meio de prévias, ou seja, por eleição interna. Um processo relevante, que tem como objetivo iniciar com nossas bases a discussão sobre a cidade queremos no futuro e o que fazer para transformá-la. Além de apresentar propostas, as prévias têm como foco ouvir a militância sobre a vivência da cidade no dia a dia e suas propostas para melhorar a vida do paulistano.
Esse debate primordial foi o que marcou o primeiro turno das prévias na capital, um aprendizado democrático para o qual o PSDB de São Paulo se dispôs. Por isso, só tenho a parabenizar, em nome do presidente municipal, o vereador Mario Covas Neto, nossa militância e nossos candidatos João Dória, Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli pela disponibilidade para debater a cidade e servir aos paulistanos.
Se internamente acreditamos na força das prévias, o mesma convicção não está estampada nas páginas dos jornais onde a relevância do tema fica submerso pelo peso dado a outro aspecto delas, nem sempre tão realista: a disputa interna.
Ao decidirmos, ainda em 2012, instituir o processo de escolha de nossos candidatos por meio de prévias o fizemos convictos de que um partido político só faz sentido se nele houver vida. Sem o pulsar da troca de ideias, das discussões e dos debates, sem a proximidade entre bases e lideranças, sem movimento, tudo que resta a um partido é a busca fratricida pelo poder. E nós, brasileiros, conhecemos bem o resultado quando um partido tem na manutenção do poder sua finalidade básica.
Nos Estados Unidos, neste mesmo momento, Republicanos e Democratas disputam prévias para definir seus respectivos candidatos à Presidência da República. Não faltam por lá discordância e acusações entre candidatos do mesmo partido. Afinal, eles concorrem entre si assim como os tucanos de São Paulo. Na América do Norte, no entanto, o debate não está focado na fragmentação partidária, mas nas propostas que cada parte é capaz de fazer para melhorar a vida dos americanos.
Infelizmente nós, brasileiros, estamos muito pouco acostumados ao debate. Vivemos anos difíceis de ditadura militar, época em que pensar por si mesmo era crime informalmente punido com pena capital. De lá para cá, nossa educação não ajudou a livrar nossos jovens do peso de carregar pensamentos enlatados.
Por isso, acreditamos que as prévias são também um processo educativo onde todos nós, filiados ou não, temos de nos dispor a ouvir. Precisamos estar abertos aos debates, à divergência e à disputa, sem, no entanto, perder o poder de aglutinação ao final do processo. É como se os candidatos das prévias fossem os clubes de futebol disputando seus campeonatos estaduais. Todos sabem que, escolhidos os melhores, são eles que vestirão o manto amarelo e levarão o nome da Nação nas Olimpíadas ou na Copa do Mundo. E, nesta hora, somos todos uma só nação.
O PSDB sofre as consequências de seu sucesso uma vez que é capaz de aglutinar excelentes quadros e é natural que eles queiram disputar eleições. Mas, se tem uma lição que aprendemos em 2014 foi de que somos um partido forte em São Paulo, mas que unidos somos invencíveis. Findo o processo de escolha, tenho certeza, saberemos valorizar o vencedor não como um adversário, mas como o companheiro que representará a todos nós na disputa que verdadeiramente importa pelo povo de São Paulo.