Roberto Gurgel utilizou cerca de cinco horas para listar as provas de que o mensalão existiu e que usou dinheiro público para corrupção
Sob os olhos atentos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, escancarou nesta sexta-feira os detalhes do esquema do mensalão e listou um a um os crimes dos deputados, dirigentes partidários e empresários que participaram do esquema de desvio de recursos públicos para a compra de deputados federais. Disse não haver dúvidas da existência do mensalão e do uso de recursos públicos para irrigar o pagamento de congressistas.
Gurgel chegou a surpreender ao afirmar que a quadrilha dispunha até de carro-forte para o transporte de dinheiro. “Alguns dos saques feitos pela quadrilha impuseram que policiais e carros-fortes fossem contratados, tamanho o volume de recursos”, relatou.
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Laudos periciais, depoimentos e interrogatórios foram listados à exaustão pelo chefe do Ministério Público Federal para comprovar que o esquema de cooptação de parlamentares tinha um mentor intelectual, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, figura onipresente em todas as fases da organização criminosa: no desvio de recursos públicos, na fraude de empréstimos, na negociação de cargos na administração pública e na corrupção de congressistas. “Dirceu está em todas”, acusou Gurgel.
“José Dirceu foi o mentor da ação do grupo, seu grande protagonista”, resumiu. “Dirceu sabia da cooptação de políticos para a compra de base parlamentar de apoio ao governo, sabia que essa base estava sendo formada à custa de vantagens indevidas e, acima de tudo, sabia de onde vinha o dinheiro”, disse ele.