O Partido da Social Democracia Brasileira – PSDB está comemorando hoje 19 anos de sua fundação e refaz o seu planejamento estratégico para o futuro, com foco e ritmo. Recente na história política do Brasil, o partido já se mostra experiente no hábito de governar. Presidiu o país durante oito anos, dois mandatos, com Fernando Henrique Cardoso; e governa São Paulo há 12, desde 1995, com Mário Covas, Geraldo Alckmin e José Serra. O desafio presente é o que se pode chamar de uma refundação de idéias, programas e ações; por isso, no meio de uma conjuntura de expectativas, os tucanos começaram a revitalizar o discurso em seminários preparatórios para o seu II Congresso Nacional Programático.
O Brasil de 1988 era outro, mergulhado nos afazeres da Assembléia Nacional Constituinte, na consolidação da abertura política e nas polêmicas geradas pelo governo de José Sarney. Inflação galopante, gastos públicos incontroláveis, escândalos financeiros, dívida externa desgovernada, clientelismo. Aquele que seria o primeiro governo da Nova República optou por ser o último da velha República, não restando alternativa para os principais líderes políticos do Congresso naquela época – Mário Covas, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, José Richa, Pimenta da Veiga, Euclides Scalco – senão formar uma organização mais programática.
Como bem inscreveu o saudoso Franco Montoro, na abertura do texto do Programa do PSDB, o novo partido nasceu “longe das benesses oficiais, mas perto do pulsar das ruas”, para haver avanço no país, diante das mudanças que se verificavam no mundo. E esse novo partido nasceu também com a vocação de entender o papel do Estado de uma outra maneira, não como único instrumento de transformação da realidade, mas como uma agremiação aberta às ruas, à sociedade e de conotação democrática.
Mas o PSDB, como tem refletido o seu presidente de Honra, Fernando Henrique, precisa ter mais convicção na defesa do que já realizou enquanto estava governando, principalmente o país. Para ele e para uma parcela grandiosa de tucanos, houve certo constrangimento na defesa das ações durante o seu governo, na campanha presidencial do ano passado. Sobra razão a FHC quando afirma que””partidos que não defendem seu próprio legado não existem. A população não os identifica. Precisamos recuperar nossas conquistas, ou o PT vai passar a faturar com elas. Daqui a pouco a estabilidade vai ser do PT, que trabalhou contra o Plano Real”.
Há muito a fazer. E a expectativa desse momento de travessia para um novo programa e visão de futuro implica acreditar que o PSDB ressurgirá a caminho dos seus 20 anos, maduro, mais forte, pronto para enfrentar e vencer 2008, 2010. A agenda política do PSDB para o presente inclui a complementação das reformas necessárias, em ênfase na política e na tributária. Mas o partido continuará deparando com os conflitos internos, que são parte da vida. Assim pode consolidar suas idéias, organização e liderança, para mobilizar a sua militância com maior eficiência para o debate, o respeito e a unidade para a vitória.
Raul Christiano é jornalista e um dos fundadores do PSDB.
E-mail: raulchristiano@uol.com.br – Blog: www.raul.blog.br