Recentemente, o prefeito Fernando Haddad enviou à Câmara Municipal seu projeto de reforma administrativa. Este prevê a criação de 348 cargos para compor as novas secretarias da cidade, além da Controladoria Geral do Município.
Apesar de meu voto contra, a proposta foi bem recebida pela maioria dos vereadores da casa e aprovada em primeira votação.
Questionado sobre a necessidade de tamanha quantidade de postos, o governo se justificou apontando a extinção de outros quase seiscentos. Porém, se esqueceu de esclarecer alguns pontos. São eles: a) o aumento de gastos mensal para cobrir a folha de pagamentos será de R$ 24,5 milhões b) essa conta será paga pela população, pois o dinheiro sairá dos impostos cobrados dos cidadãos c) cargos de baixos salários foram extintos e outros, com remuneração de até R$ 19 mil, surgiram.
A contradição atinge o discurso petista. Autointitulado defensor dos pobres, o partido não hesitou em demitir funcionários mais humildes para privilegiar outros graúdos.
Mas é inegável: ao criar todos esses cargos Haddad prova ter o mesmo gosto da presidente Dilma Rousseff, que elevou o número de ministros a 39 em seu governo, o maior e mais absurdo de toda a história federativa – Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, tinha 24.
A gravidade da situação vai além. Secretários responsáveis pelas pastas a serem criadas chegaram a pedir 50 cargos para suas equipes. O governo assinou embaixo das exigências.
Ainda de acordo com o plano de Haddad, as qualificações para ao menos 67 desses postos, a maioria de chefia, foram alteradas. Para pior. Um exemplo: se hoje exige-se do líder da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão diploma universitário, amplo conhecimento de planejamento urbano e comprovada experiência administrativa, com a nova proposta, qualquer um, sem qualquer qualificação mínima, poderá exercê-lo.
Vale ressaltar o tempo recorde em que o documento do prefeito foi aprovado. Menos de 48 horas após sua entrega, o texto, com mais de 300 páginas, foi posto em votação. Fica uma dúvida: como um material técnico, com tantos pontos passíveis de debate, pode ser devidamente analisado tão depressa?
Nós da oposição pedimos explicações, mas fomos ignorados. Prevaleceu a conveniência do governo Haddad. Desta conveniência faz parte a contribuição salarial dada mensalmente por cada um dos novos 348 contratados ao PT, conforme determinação partidária. Ou seja, é dinheiro público indo diretamente para os cofres do Partido dos Trabalhadores. Isso explica a regra do “quanto mais gente, melhor” adotada pelo governo.
Apesar de uma segunda votação do projeto na Câmara estar prevista, à população já compartilho um alerta: acompanhe de perto as ações futuras das Secretarias do Licenciamento, Política para as Mulheres, Promoção da Igualdade Racial, Relações Governamentais, Relações Internacionais e Federativas e da já citada Controladoria Geral do Município. Como vereador, farei questão de me certificar de que estas não servirão de meros cabides de empregos.


