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PT: duas caras

Pedro Tobias

Mais uma vez o PT da presidente Dilma Roussef e de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, mostra como seu discurso vai para onde o vento sopra favorável (leia-se como aquele sugerido pelo marqueteiro de plantão). Foi assim com as Organizações Sociais de Saúde, questionadas pelos deputados petistas, execradas pelos sindicatos, e usadas como bandeira eleitoral por diversas prefeituras petistas. É assim também com as privatizações, demonizadas durante anos pelos petistas e cuja fórmula foi repetida na concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília.

Nas últimas três campanhas presidenciais, o PT usou o discurso antiprivatização e rebateu o modelo implantado com sucesso pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, sugerindo que a venda ou concessão de estatais à iniciativa privada dilapidavam o patrimônio de todos nós, brasileiros. De maneira ufanista, insultavam obsessivamente a proposta de país moderno de FHC que, ao repassar à iniciativa privada o setor de telecomunicações, por exemplo, permitiu que os brasileiros tivessem direito a um telefone, seja ele fixo ou móvel.

Em 2011 o número de telefones celulares chegou a 242,2 milhões, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Antes de o modelo ser adotado, era uma verdadeira maratona burocrática para se adquirir uma linha telefônica no Brasil, fosse fixa ou móvel. Um interessado em linha fixa, por exemplo, precisava se cadastrar junto a uma telefônica local para o plano de expansão e esperar até três anos, além de pagar uma quantia altíssima. Era tão caro e raro, que se declarava a linha no Imposto de Renda e muitos a alugavam a terceiros.

O êxito do leilão de três dos principais aeroportos do país comprovou o que há muito se sabia, mas o PT não admitia – a privatização é necessária em um país com o tamanho das carências de infraestrutura como o Brasil. Ainda mais quando o Governo Federal se mostra incapaz até mesmo de executar uma reforma, como a do terminal 4 do Aeroporto Internacional de Guarulhos, sem ruído.

E antes que digam que a privatização petista é diferente e especial, é bom deixar claro que sim, haverá recursos públicos financiando as obras e as empresas concessionárias. De cada 100 reais a serem investidos, 49 virão do governo. O BNDES financiará 80% dos investimentos nos aeroportos, a maior parte a juros subsidiados, com dinheiro do contribuinte. Imagine a repercussão que isso teria se o PT não fosse autor dessas privatizações! Não fosse a resistência oportunista do PT, a decolagem dos aeroportos nacionais já poderia ter ocorrido há muito mais tempo. Será que os petistas irão se desculpar por terem enganado a população por tanto tempo e atrasado tanto o desenvolvimento do país?

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1 COMENTÁRIO

  1. De fato, as incoerências dos integrantes da cúpula PETISTA são mesmo GRITANTES…
    Falam e brandem argumentos sem fazer qualquer cotejo com a realidade empírica dos fatos, são críticas vazias e precipitadas que só se prestam a tumultuar um país que já é caótico por si só.
    São defensores natos da letargia nos serviços prestados, sejam eles públicos ou não. Querem advogar favoravelmente uma política de salários artificialmente altos quando recusam-se veementemente a restruturar um arranjo burocrático rendido e flagrantemente ineficaz. Uma logística vergonhosa que só atravanca NOSSO progresso como um todo, amarras seculares que por cegueira ideológica insistem em se fazer presentes. Infelizmente redijo estas linhas, lamentavelmente as tenho como verdadeiras… Até breve !

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