“Tudo o que vem acontecendo no Brasil hoje era apontado por nós com absoluta clareza. A necessidade de termos regras absolutamente claras, profissionalizarmos as agências reguladoras, termos uma política econômica com previsibilidade, a incapacidade dos programas de transferência de renda, exclusivamente eles, darem conta da gravíssima crise social por que passava o país”, diz o senador Aécio Neves, ao criticar hoje (03/11), em plenário, o documento lançado pelo PMDB com um diagnóstico da crise econômica já feito pelo PSDB nas eleições do ano passado.
Aécio destacou que o PT e os partidos de apoio ao governo Dilma Rousseff não promoveram o verdadeiro debate sobre o país com os eleitores.
“A raiz disso foi o desprezo que a atual presidente da República, enquanto candidata, teve para com os brasileiros ao não apresentar um programa, ao negar-se a fazer aquilo que a Justiça Eleitoral determina que seja feito, e com a palavra de menosprezo disse: ‘meu programa é o meu governo’, lembrou Aécio.
Veja aqui:
Aparte do senador Aécio Neves – Senado Federal – Brasília
“O Brasil tem assistido cenas inusitadas ao longo desses últimos meses ou dessa última quadra da política nacional. Assistimos agora, recentemente, e essa foi a razão pela qual o senador Jucá, a quem de público agradeço o apoio na última eleição, veio aqui prestar contas ou traduzir, se é que isso é possível, algumas das propostas do documento assinado pela direção do PMDB.
O inusitado é que um partido que está no governo, na vice-presidência da República, apresenta uma proposta de governo. Isso é louvável. É louvável se nós não tivéssemos vivendo hoje 13 anos desta aliança que lamentavelmente, não obstante o esforço de alguns peemedebistas ilustres pelos quais tenho enorme apreço, essa aliança trouxe o Brasil à maior crise econômica, moral e social da nossa história contemporânea. E lembrava de um aparte sempre adequado do senador Tasso Jereissati, quando ele perguntava, indagava à qual oposição, à qual governo o PT fazia oposição ou qual proposta o PT fazia oposição já que o governo encaminhava determinada votação de uma forma e o PT se opunha à essa votação.
E a raiz disso foi o desprezo que a atual presidente da República, enquanto candidata, teve para com os brasileiros ao não apresentar um programa, ao negar-se a fazer aquilo que a Justiça Eleitoral determina que seja feito, e com a palavra de menosprezo disse ‘meu programa é o meu governo’. Então não houve sequer a condição de travarmos um debate sério, profundo, em relação à gravidade da situação que já se anunciava no ano passado, e até antes dele. Tudo o que vem acontecendo no Brasil hoje era apontado por nós com absoluta clareza.
A necessidade de termos regras absolutamente claras, profissionalizarmos as agências reguladoras, termos uma política econômica com previsibilidade, a incapacidade dos programas de transferência de renda, exclusivamente eles, darem conta ainda da gravíssima crise social por que passava o país, a maquiagem dos números ao sabor dos ventos e das circunstâncias e, portanto, o menosprezo do atual governo na campanha eleitoral, que negou-se a apresentar ao país um documento para o debate, e ali eu faço o único senão à proposta do PMDB: não ouvi naquele momento nenhuma liderança do PMDB dizer ‘não, estamos participando de um projeto que tem que ter um programa para delineá-lo, um programa para de alguma forma apontar o caminho.
E a não apresentação desse programa permite que hoje o Brasil não tenha um projeto de país, um projeto de governo. O que existe é apenas a necessidade de a presidente se sustentar por mais algumas semanas no cargo, distribuindo espaços de poder como se fossem mercadorias e como se fossem de sua propriedade. E o mais grave em relação a essa gravíssima crise é que nós olhamos para o futuro com o otimismo de sempre, mas não conseguimos enxergar uma luz no final desse túnel, porque o descompasso entre aquilo que se disse e prega aqui neste plenário, por exemplo, as lideranças do governo, e aquilo que o governo pratica é tão grande que, infelizmente, não há na sociedade brasileira, nem nas hostes do atual governo, quem acredite que esse governo, com essa estrutura que aí está, tenha condições de levar o Brasil à saída dessa crise, com a recuperação da confiança, dos investimentos, para minimamente minimizarmos a mais aguda crise social da nossa história recente”.