Tornou-se um mantra da candidata-presidente afirmar que quem está preocupado com o futuro e com os problemas que se avolumam no país, em especial na economia, é “pessimista” e torce contra o Brasil. É possível que nem ela acredite no que diz.
Há razões de sobra para desconfiar das possibilidades de êxito do país caso o atual projeto de poder se mantenha por mais quatro anos. Os desafios são imensos na economia, mas vão muito além, abarcando, principalmente, a falta de segurança pública e a saúde precária.
Dilma Rousseff e seus porta-vozes tentam colar no “mercado” a pecha do mau agouro. Acusam analistas de torcer contra, mas vão além e publicamente constrangem quem se aventura a dizer o óbvio: com o PT no comando, as perspectivas do país são cadentes.
As projeções para a economia seguem declinantes. Em menos de três meses, os prognósticos para o PIB deste ano caíram pela metade e agora chegam a 0,81% – no início do ano, estavam em 1,95%. Há 11 semanas tem sido assim, na mais longa série de revisões consecutivas para baixo destas estimativas desde 2008, segundo o Valor Econômico.
O desalento não se limita ao presente. Dilma irá legar a seu sucessor um fardo para lá de pesado. A Folha de S.Paulo analisou os prognósticos de mercado para os próximos quatro anos e verificou que a projeção dos analistas é de inflação ainda alta e crescimento fraco até 2018, com perspectiva de forte aumento das tarifas públicas já em 2015.
O “tarifaço”, aliás, já é praticado pelo governo Dilma na energia elétrica e, no caso dos preços dos combustíveis, largamente defendido por integrantes do próprio governo petista, seja na Petrobras, seja na equipe econômica. Não é anseio, portanto, da oposição.
Mas o desalento vai muito além do mundo da economia e das finanças. Está nas ruas e na boca dos brasileiros que enfrentam um dia a dia cada vez mais difícil. Isso não é peça de retórica; é fato, comprovado também por pesquisas.
A mais expressiva delas foi feita em junho pelo Ibope. A informação mais relevante é que em rigorosamente todas as nove áreas pesquisadas pelo instituto, os brasileiros que desaprovam as políticas adotadas pela presidente Dilma são larga maioria.
É assim na saúde (78 a 19%), nos impostos (77 a 15%), na segurança pública (75 a 21%), no combate à inflação (71 a 21%), na política de juros (70 a 21%), na educação (67 a 30%), no combate ao desemprego (57 a 37%), no combate à fome e à pobreza (53 a 41%) e no meio ambiente (52 a 37%).
A preocupação com o futuro do país é de milhões de brasileiros. As condições de vida estão mais difíceis e até conseguir bons empregos está complicado. Quem produz, investe e trabalha torce para que o Brasil consiga virar o jogo. Mas não há como ser otimista com a herança realmente maldita que Dilma Rousseff deixará de presente para seu sucessor.