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Real levou Brasil à estabilidade

“Inflação galopante” foi uma das expressões mais utilizadas pela imprensa brasileira nos anos 1980. O jornal O Estado de S. Paulo empregou o termo 227 vezes entre 1980 e 1989 – e para motivações distintas, como explicar a falta de credibilidade da economia nacional, a redução do poder de compra da população e a dificuldade para planejamentos estratégicos, entre outras citações.

Em compensação, em 2002, último ano do governo de Fernando Henrique Cardoso, o mesmo jornal citou “inflação galopante” em somente 14 ocasiões. Todas, sem exceção, em referência a problemas do passado ou do exterior.

O enfraquecimento de termos como “inflação galopante”, “hiperinflação”, “dragão da inflação” e outros é apenas uma face da estabilidade da economia que o Brasil passou a viver desde 1994, com o Plano Real, criado pelo então ministro da Fazenda Fernando Henrique Cardoso e executado pelo presidente à época, Itamar Franco.

O Real, implantado a partir de 1º de julho daquele ano, derrubou os índices de inflação do país, trouxe estabilidade e deixou em um passado bem distante situações como planos mirabolantes, troca do nome de moedas, congelamento de preços e outros artifícios.

Aprovação

A implantação do plano ocorreu em meio a fortes críticas da oposição. Líderes do PT – na época, o principal partido contrário ao governo Itamar – tratavam o real como uma “medida eleitoreira” do então presidente para favorecer o candidato do PSDB à Presidência da República em 1994, Fernando Henrique Cardoso.

Candidato a vice-presidente na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva naquele ano, Aloizio Mercadante declarou em entrevistas que a inflação derrubada pelo real estaria sob controle “apenas até a inflação”.

Gilberto Carvalho, hoje ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo Dilma Rousseff, disse em 1994: “Não é possível que os brasileiros se deixem enganar por esse golpe viciado que as elites aplicam, na forma de um novo plano econômico”.

Golpe

O plano chamado por Carvalho de “golpe viciado das elites” teve a aprovação da população brasileira desde a sua implantação. Em agosto de 1995, um mês após o início da vigência do plano, 89% dos brasileiros eram favoráveis ao real. Quando o plano já contava mais de três anos de idade – o que mostrava não se tratar de uma “ação eleitoreira” – coletava aprovação superior a 70%, como os 71% registrados em 1997.

A principal razão para o apoio maciço ao Real vinha do fim do que se chamava de “imposto inflacionário” – o nome dado ao efeito da inflação sobre a renda dos brasileiros, em especial dos mais pobres.

Sem a inflação, o poder de compra da população subiu bastante. Os números deixam claro a evolução: apenas entre 1994 e 1995, artigos essenciais e “supérfluos” tiveram suas vendas consideravelmente elevadas. “Pobres ganharam acesso a nova classe de artigos” foi o título dado pelo jornal O Globo a uma reportagem de agosto de 1995, que destacava justamente a ampliação das possibilidades.

“O fim da hiperinflação, o aumento de ganhos salariais e da credibilidade internacional e nacional fizeram com que o Brasil pudesse progredir nesses anos todos”, resumiu o deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), também parlamentar à época.

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