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Santos/Jundiaí, uma lição para os dias de hoje

Por Miguel Haddad

A história da ferrovia São Paulo Railway, a Santos/Jundiaí, que acaba de comemorar 150 anos, é parte de uma lição que o Brasil precisa saber de cor.

Como diz o historiador Jorge Caldeira, que cito em meu livro, “Coisa de paulista”, em 1815 o mercado interno brasileiro era igual senão maior que o dos Estados Unidos. No entanto, 75 anos depois, na proclamação da República, a nossa economia era 15 vezes menor que a dos americanos. O que aconteceu?

Nesse período o mundo foi sacudido pela Revolução Industrial Capitalista. Os Estados Unidos, e os demais países hoje desenvolvidos, engajaram-se nesse processo. O Brasil, em razão da oposição do Governo Imperial às frustradas tentativas modernizadoras, capitaneadas pelo Barão de Mauá, havia perdido o bonde da história e se tornara um país do chamado Terceiro Mundo, retardatário e subdesenvolvido.

Só no final do século 19, com a expansão do café para o oeste do nosso estado, estabeleceram-se, puxadas pela locomotiva paulista, as condições para o início da industrialização nacional. A São Paulo Railway, agente desse salto histórico, é um marco importante – daí a atualidade e a importância do seu significado – no rumo que deveríamos seguir.

Após um período de bonança – do fim da hiperinflação, com o Plano Real, até o auge da demanda internacional de mercadorias (commodities) brasileiras da primeira década do milênio – que nos levou a desfilar no bloco dos emergentes, parecia que, finalmente, as coisas estavam novamente no bom caminho. O gigante despertou, era o que se ouvia.

Todavia, na sequência, ao invés de consolidar a economia de mercado, de modo a poder contar com o seu dinamismo para turbinar o nosso desenvolvimento, o que vimos foi o contrário: a ampliação e o aparelhamento do Estado, erro político que nos levou a uma crise sem precedentes.

Neste novo ciclo da vida nacional que agora se prenuncia, temos de volta a oportunidade de deixar o subdesenvolvimento para trás e construir, finalmente, uma economia dinâmica, capaz de liberar as forças produtivas do povo brasileiro – um dos mais empreendedores do mundo – e, com isso, tornar o Brasil um país menos desigual, com mais e melhores oportunidades para todos.

Esse foi o sonho de Mauá. Esta é a hora de dar esse passo decisivo, tantas vezes adiado.

 

Miguel Haddad é deputado federal e vice-presidente estadual do PSDB-SP 

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