O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), afirmou ontem que a Prefeitura de São Paulo deve conceder uma área de 4,4 mil metros quadrados ao Instituto Lula para a construção de um “memorial da democracia”. Kassab, presidente do PSD, negocia há cerca de um mês uma dobradinha com o PT, liderado por Lula, para o lançamento de candidatura à sua sucessão neste ano.
Kassab quer ceder o terreno público na Nova Luz à fundação privada de Lula por 99 anos. Segundo o deputado Pedro Tobias, presidente do PSDB de São Paulo, se isso acontecer, a prefeitura estará refazendo os passos da Assembléia Legislativa Maranhense e da Fundação José Sarney. Em outubro do ano passado, os deputados maranhenses aprovaram um projeto de lei de autoria da governadora Roseana Sarney para estatizar
a Fundação José Sarney, também criada para eternizar os feitos do ex-presidente. Roseana é filha de Sarney e a comandante do Estado que irá custear, com recursos públicos, a fundação.
A “estatização” da Fundação Sarney ocorreu cerca de dois anos depois da entidade se ver envolvida em um caso de suspeita de corrupção, que incluía o desvio de recursos repassados pela Petrobrás à fundação sob
a forma de patrocínio.
Para o líder da bancada tucana na Câmara Municipal, vereador Floriano Pesaro, a proposta tem de ser estudada com muita calma. “É uma área pública sendo oferecida a uma fundação privada. O acervo é privado,
particular do presidente”, disse. “Nossa preocupação é com o futuro. É uma cessão de 99 anos de uma área pública que será privatizada! Que deveria ser utilizada para a construção de equipamentos públicos, escolas, creches, etc”, afirmou.
Para Floriano, o PT tem um histórico de utilizar-se do público como sendo particular, pertencente ao partido e seus aliados. “Conhecendo as práticas que nós estamos vendo aí, da instrumentalização da máquina pública e do uso da máquina para fins partidários, provavelmente esse será um instituto para contar as glórias do ex-presidente Lula e de seu partido em um espaço público. É essa a nossa preocupação. Porque o Instituto Lula não compra um terreno como o Instituto Fernando Henrique Cardoso?”, concluiu.