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Sem complexo de Cinderela

O dia Internacional da Mulher serve para um alerta de consciência e merece uma pausa para uma oportuna conversa sobre quem realmente somos nesta sociedade em transformação.

Desde que as mulheres controlam a fecundidade, assiste-se a quatro fenômenos, com maior intensidade nos países desenvolvidos: declínio da fertilidade, elevação da idade média de maternidade, aumento das mulheres no mercado de trabalho e diversificação dos modos de vida femininos, com o aparecimento, em número crescente de países, do modelo do casal ou da solteira sem filhos.

Dados estatísticos comprovam que a vida conjugal sempre teve um custo social e cultural para as mulheres, tanto no que diz respeito à divisão das tarefas domésticas e à educação dos filhos, quanto à evolução da carreira profissional e à remuneração.

A heterogeneidade das preferências e prioridades cria conflitos entre os grupos de mulheres, o que as prejudica ainda mais. Já, entre os homens, os interesses são praticamente homogêneos.

Por um lado, o feminismo  teve a influência da abordagem culturalista de Simone de Beauvoir, nos fins dos anos 70 e na década de 80, a que preconizava igualdade política e de co-educação entre homens e mulheres ( o que os une é mais importante do que aquilo que os distingue). Por outro, uma segunda onda do feminismo descobre que a feminilidade não é apenas essência, mas uma virtude da qual a maternidade é o cerne. A igualdade – dizem as feministas – será sempre um engodo, enquanto não se tiver reconhecido essa diferença essencial que comanda todo o resto. As feministas consideram a maternidade a experiência crucial da feminilidade a partir da qual se pode construir um mundo mais humano e mais justo.

Sem feminismos, Charles Darwin dizia em 1871: “A mulher parece diferir do homem por sua maior ternura e seu menor egoísmo. A mulher, em razão do instinto materno, dá testemunho em alto grau dessas qualidades para com seus filhos; logo, é provável que ela com freqüência o estenda a outras criaturas.

Sem dúvida, muitos concordarão que, regra geral, as mulheres são mais preocupadas com a vida e com as relações concretas entre si e os outros, mais dispostas a consertar do que a decidir, a proteger do que punir, as mulheres podem trazer para a humanidade uma doçura e compaixão que renovam a moral social.

O que não dá para admitir são as amarras de um esquema social que, em nome das diferenças, criem armadilhas do politicamente correto para que um único modelo seja imposto para todas as mulheres: o modelo onde o filho transforme todas em modelo único – modelo materno exclusivo, sub-remunerado e com dominação masculina.

O que precisamos compreender é que há uma enorme diversidade das aspirações femininas. Ainda hoje, para a maioria, a vida sem filhos é impensável, mas nem por isso estão prontas para sacrificar a independência financeira, a vida social e afirmação pessoal.

O certo é que o mundo mudou, e mudou muito. Não há um único modelo, porém cada mulher tem que ser livre para decidir seu destino, sem os sustentáculos do conservacionismo que gera um mundo essencialmente formado por e para homens. As pesquisas indicam que 91% das mulheres no Brasil consideram seu trabalho importante e querem trabalhar.

O futuro chegou, e a virada é inevitável. Na educação, há uma evidente revolução, onde as mulheres já são maioria, liberando habilidades acadêmicas, depois de muita repressão artificial ao acesso à faculdade. Esta corrente, em maior ou menor escala, é mundial.

Estamos ainda no meio da transição para maior equilíbrio. Tanto homens quanto mulheres querem se realizar profissionalmente e todos precisam de tempo para se dedicar à família e aos amigos. Afinal, não somos príncipes e cinderelas, somos simplesmente homens e mulheres.

Precisamos de atitudes que reformulem modelos ultrapassados de políticas públicas. É preciso pensar no todo e em propostas que emancipem e libertem o ser humano, para o desenvolvimento pleno de suas habilidades em um mundo mais equânime e igualitário.

Só assim ganharemos todos, homens e mulheres!

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