O deputado federal Silvio Torres (PSDB-SP) defendeu a utilização de células-tronco de embriões para fins medicinais. O manifesto foi feito nessa terça-feira (04) durante sessão na Câmara dos Deputados.
O parlamentar tucano se confessou católico, ser contra o aborto, mas não vê como proibir a utilização dos embriões “que não serão utilizados para nada e que podem salvar vidas”.
Ele lembrou que o Supremo Tribunal Federal decidirá nesta quarta-feira (05) sobre “uma questão que está causando grande polêmica na vida nacional, que coloca em lados opostos a comunidade científica de um modo geral e os religiosos, especialmente os da Igreja católica”, referindo-se à polêmica que envolve a utilização ou não de células-tronco de embrião para fins terapêuticos.
Fez um histórico lembrando que “quando, em 2005, a Lei de Biossegurança foi discutida, instalou-se polêmica de igual dimensão. Foi decidido pela maioria dos deputados e senadores que seria permitida a utilização desses embriões para fins medicinais, especialmente para fins de pesquisa sobre doenças consideradas incuráveis, desde que se utilizassem embriões já inviabilizados ou armazenados há mais de três anos.
Essa decisão foi acatada e passaria a vigorar como lei se não tivesse sido contestada recentemente, inclusive pelo próprio Procurador-Geral da República, que questionou no Supremo Tribunal Federal a validade, a constitucionalidade dessa decisão”.
O deputado Silvio Torres frisou que não se trata apenas de questão religiosa, observando: “O Estado é laico, e não podemos tomar uma decisão que poderia atender legitimamente aos anseios e aos sentimentos dos católicos. Ao mesmo tempo, não podemos envolver o Estado numa discussão dessa natureza. Não é possível que imaginemos que o Congresso Nacional, amplo, marcado por várias tendências religiosas e tendências ideológicas de toda natureza, decida-se apenas por um segmento da sociedade, ainda que seja tão expressiva como a comunidade católica. Da minha parte, que sou católico, antecipo que sou contra o aborto, mas não vejo como proibir a utilização desses embriões que sequer têm onde ser descartados. São embriões que não serão utilizados para nada, mas que podem salvar milhares de vidas”.
Conclui seu discurso dizendo esperar do Supremo Tribunal Federal uma decisão que “é avançar na ciência e na pesquisa”.