O primeiro vice-líder do PSDB na Câmara,Vanderlei Macris (SP), rechaçou nesta segunda-feira (11) a tentativa da presidente Dilma Rousseff de minimizar a série de escândalos que envolvem a Petrobras e têm sido investigados pelo Congresso e pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
“A Petrobras está sendo vilipendiada, desmontada e usada politicamente. A sociedade tem que saber o que a presidente Dilma está fazendo com a estatal. Esse é nosso objetivo. Mostrar isso à população é um serviço ao Brasil e uma contribuição ao país”, defendeu o parlamentar. A petista inclusive presidia o Conselho de Administração da empresa quando houve a compra da refinaria de Pasadena (EUA), um dos piores negócios da história da companhia.
No domingo, a petista afirmou em entrevista a jornalistas que a estatal deve ser preservada dos embates eleitorais e que a Petrobras e sua direção não podem ser comprometidas por “qualquer factoide político”. Ao contrário do imaginado pela presidente da República, o objetivo da oposição ao pedir que as falcatruas da empresa sejam passadas a limpo é exatamente proteger a Petrobras, que é patrimônio do povo brasileiro.
Segundo Macris, a chefe do Poder Executivo quer afastar dos holofotes os desastres administrativos cometidos por ela na companhia, como a aquisição da refinaria em solo americano e a construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. “Quem está destruindo a Petrobras é o governo e a presidente Dilma. Nós não vamos deixar de denunciar um dos maiores escândalos que houve nos últimos anos”, enfatizou o tucano.
COLETÂNEA DE FALCATRUAS – Localizada no estado do Texas, um dos mais importantes centros de refino e distribuição de petróleo do mundo, Pasadena desafia a imagem de boa gestora da presidente.
Adquirida por US$ 1,249 bilhão, a unidade trouxe um prejuízo de US$ 530 milhões para a Petrobras e foi considerada publicamente pela atual comandante da companhia, Graça Foster, um “mau negócio”.
Embora fosse a presidente do Conselho de Administração da estatal na época da compra dos primeiros 50% de Pasadena, em 2006, Dilma não admitiu qualquer responsabilidade na desastrosa operação. De acordo com ela, um “resumo técnico e juridicamente falho”, elaborado pelo ex-diretor da área Internacional, Nestor Cerveró, sustentou a decisão do colegiado a favor da aquisição.
O “equívoco”, apontou a petista, foi a omissão das cláusulas “Put Option” e “Marlim” do documento. A primeira determinava que, havendo desavença entre os sócios de Pasadena, a outra parte seria obrigada a adquirir o restante das ações da refinaria. A “Marlim” assegurava à empresa belga Astra Oil, sócia da Petrobras no negócio, um lucro de 6,9% ao ano.
Cerveró e o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, derrubaram rapidamente a versão de Dilma. Os dois defenderam a compra da refinaria texana e subestimaram a importância das cláusulas omitidas.
Em Ipojuca, na região metropolitana de Recife (PE), desponta outro exemplar da duvidosa administração da presidente. Erguida ao custo de US$ 20,1 bilhões – valor dez vezes superior ao estimado preliminarmente (US$2,5 bilhões) – a refinaria Abreu e Lima é o retrato da corrupção, incompetência e malversação de recursos, revela o TCU. Pelas projeções do órgão, o superfaturamento na unidade ultrapassa R$ 1,1 bilhão.
Essa sucessão de malfeitos, disse Macris, já provocou fadiga na população. “Ninguém aguenta mais tantos escândalos. Esse modelo de governo constituído pelo PT nos últimos anos está cansando a população. A sociedade já viu que não dá certo a utilização do Estado em benefício de um partido”, destacou.