Foi bastante produtiva a reunião ampliada do Secretariado Nacional da Mulher/PSDB de 2015, que aconteceu nesta quarta-feira (04), no Hotel Manhattan Plaza, em Brasília, com a presença das novas integrantes da Executiva do PSDB Mulher Nacional. Precedida de um jantar de confraternização ocorrido na véspera, para que as recém-chegadas pudessem se apresentar, o clima foi de entusiasmo da abertura, às 09h00, ao encerramento, às 17h00, quando o grupo rumou para o aeroporto.
Painel
A abertura, britanicamente no horário, ficou a cargo da presidente nacional do PSDB Mulher, Solange Jurema, que destacou a grande participação de Thelma de Oliveira – presidente anterior – nas conquistas alcançadas nos últimos anos, e passou ao tema de sua apresentação; “A Importância das Políticas Públicas, a Questão de Gênero e Perspectivas do PSDB Mulher”.
“Apesar de todo o avanço que tivemos no século 20, que foi realmente muito grande – o que significava ser mulher no início daquele século, e o que significa neste século – a diferença é muito grande. Não existe direito outorgado, todo o direito é conquistado e foi a nossa geração, minha e da Yeda, que começou esta luta”, disse Solange, para quem há muito que fazer. Ainda conheço mulheres que dizem “não sou feminista” e, no entanto o são: são fortes, lutam pelos seus direitos e não se assumem como tal, porque até hoje a imagem da feminista é a da Betty Friedman: aquela mulher raivosa, feia, mal amada. As mulheres não devem se constranger em dizer, “sou feminista porque luto pela equidade”.
Solange abordou, também, o enorme impacto que a corrupção está causando à sociedade brasileira e de que maneira entende que o PSDB Mulher deve se posicionar, em relação a esse momento. “Agora o povo está entendendo a grave consequência do que significa a corrupção. Começa a entender na pele que a política econômica, que está sendo afetada por ela, tem consequências graves para todos nós, principalmente os mais pobres. Essa percepção é ainda mais importante porque sabemos que teremos a grande oportunidade no ano que vem de discutir que município é esse que nós queremos”.
Hoje temos uma nova etapa, um novo grupo, estamos com novos grupos temáticos, para ajudar a contribuir ainda mais com as eleições do próximo ano, para melhorar o nosso partido e o nosso país. Porque na verdade o que nós todas queremos é um mundo melhor para nossos filhos e nossos netos.
“Análise da Conjuntura Atual”
Encerrando o painel de Solange Jurema, Thelma de Oliveira comenta que estão presentes à reunião 24 estados, o que é uma grande vitória a comemorar. “Estamos com 95% da Executiva Nacional presente à reunião”, destacou, passando a palavra à próxima painelista, a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius.
“Embora Thelma tenha dito que dispenso apresentações, discordo”, começou Yeda, “Acho que é preciso sempre ser apresentada, se deixar conhecer. Ha um tempo de ouvir, e hoje o tempo é carrasco em não permitir debate. O que Solange falou é de uma riqueza e de uma importância enorme. Infelizmente não poderemos permitir perguntas que nos deixem conhecer vocês. Por outro lado o que acontece no Rio Grande do Sul é o tempo que me liberta, o caos que meu estado vive hoje me resgata. O Rio Grande vive hoje a falência do estado. Quando o governador pede que a população não saia porque não pode se responsabilizar pela segurança dela, é porque o estado faliu”, constata.
Yeda faz um breve resumo de sua experiência como política, no governo Itamar, em um ministério chave – foi Ministra do Planejamento -: “Fui ministra por ser mulher e pelo meu histórico. Não fui ministra por meu conhecimento e sim por ser mulher, e porque Itamar confiava em Pedro Simon”.
Na vida pública, Yeda diz ter percebido logo o choque entre sua visão de economista, que analisa números, e o olhar do político, para quem o tamanho é sempre priorizado. “No Parlamento descobri que tudo é uma questão de tamanho e eu respondia: não, tudo é uma questão de número. Temos que aumentar o número de participantes e de leis. No próprio PSDB Mulher foi e é assim, não chegamos até aqui por acaso. Foi um trabalho cotidiano, a Thelma faz o que gosta e sabe”.
Um quadro a emoldurar
Para a ex-governadora, conjuntura é como um quadro que precisa de moldura. “A nossa companheira Tania Ribeiro falou no jantar de ontem sobre a Roda da Vida, só que você nunca volta para o mesmo lugar. Eu apanhei muito em meu governo pelo grupo do Tarso Genro e só não me pegaram porque não tinha nada a esconder; o meu tempo é libertador porque a Roda rodou e a crise desta semana mostrou que quem interrompeu um ciclo de 40 anos de déficit anual foi o meu governo, que depois de dois anos de administração anunciou déficit zero. Precisou passar o tempo para que Tarso Genro detonasse os três bilhões e 600 milhões de reais que deixei em caixa”. Yeda é certeira, “Na conjuntura de hoje que é o tempo zero, precisaram acontecer coisas do passado, para que a geração de hoje formasse opinião. Para mim, a conjuntura de hoje é o seguinte: o Rio Grande do Sul quebrou, o governo quebrou, o Brasil quebrou”.
Moldura de um quadro sombrio
“A capa da Veja desta semana está certa, estamos dentro de uma tempestade perfeita; em quatro anos quebraram o Rio Grande do Sul. O Brasil viveu uma grande festa, gastou mais do que arrecadou, mentiu, não mostrou seus números. Mas não se pode mentir eternamente, porque estados e municípios quebram. Vem ajuda de fora? Não, porque a China está quebrando, porque ela mente sobre seus números também. A descoberta do gás de xisto pelos EUA mudou a equação econômica mundial e Obama passou a poder fazer o que ele quis e o que sobrou para nós está no pré-sal. O que sobrou para nós foram as mentiras da Dilma, o pré-sal, os barris de petróleo que Dilma esperava vender a R$140,00, a tempestade perfeita e a crise política perfeita”, analisa Yeda.
“Segundo item da conjuntura: a Lava Jato, que tem o maior item que se pode imaginar, por isso não a fecham. Moro sabe onde vai chegar e não vai chegar agora. Vai demorar o tempo que ele achar necessário”, destaca a ex-governadora, para quem a Lava Jato alimentará a conjuntura atual ainda por alguns anos, com a ajuda da internet.
Yeda continua a pensar seu quadro dizendo: “Tenho algo a fazer com a minha experiência e nesse quadro eu quero colocar moldura: O Putin está criando um bloco; a Eurásia, onde se se renega a religião; teremos outro bloco no mundo islâmico religioso, pouco educado e polígamo, que atualmente migra para Inglaterra e França em busca de melhores políticas sociais, e aqui destaco que a França voltará a ser um país onde poderá sair a grande mudança. Na moldura mundial teremos também a Índia, espiritualizada e muito populosa; e os EUA, nadando de braçada, com Obama livre e finalmente fazendo o que se propôs, como o reatamento de relações com Cuba e o acordo com o Irã”. No quadro de Yeda teremos um mundo marcado pelas grandes migrações e pela religião.
Quadro terminado, Yeda encerra seu painel chamando atenção para o que considera a economia do futuro; a economia compartilhada, que elimina os bancos, funciona na base da confiança e nasceu das longas ditaduras. “Os movimentos de rua sabem disso, portanto dia 16, todos pra rua”, convidou.
Estatuto do PSDB
Thelma de Oliveira, vice-presidente do PSDB-Mulher Nacional, explicou às recém-chegadas como funciona a Executiva, apresentou a equipe, mostrou onde encontrar o Estatuto e seus artigos mais importantes. Mais do que isso, explicou que os 30% legais que Aécio concedeu dentro da Executiva Nacional devem ser estendidos a todas as instâncias: ITV, estaduais e municipais. “É muito importante militar dentro dos diretórios. Nunca aconteceu termos nove mulheres dentro da Executiva, mas se formos esperar que nos convidem para ocupar mais espaços, podemos desistir, não vai acontecer.”
Thelma avisou que, apesar da campanha 50%/50% lançada em 2013, apenas quatro estados conseguiram chegar a esse resultado. “Precisamos ampliar nosso quadro de candidatas agora para as próximas eleições, é difícil chegar lá, se começarmos agora um trabalho de base, será mais fácil ajudar nossas companheiras. Esse processo começa desde agora, não podemos esperar, é daqui que começa a vitória, não podemos deixar a população brasileira com a imagem de que a única mulher que governou o país foi um desastre.”
“Não podemos dar um passo sequer que não esteja dentro de um planejamento, uma proposta, uma disciplina, porque essas são qualidades femininas, partido nenhum faz reuniões como nós”. Thelma encerra a fala desafiando várias das mulheres presentes a assumirem candidaturas.
Em seguida a equipe da Executiva explicou a utilização do fundo partidário às novas presidentes, na ocasião foram relatados casos em que há grande resistência da parte dos presidentes dos diretórios estaduais, na entrega do fundo partidário destinado ao PSDB Mulher, assim como o tempo destinado às mulheres nas inserções publicitárias. E as várias ferramentas de mídias sociais à disposição dos diretórios.
Sandra Quezado, presidente do PSDB Mulher DF e Ouvidora do PSDB Mulher Nacional apresentou o novo ícone da Ouvidoria no site e como vai funcionar o novo órgão.
Participar para crescer
Eliana Piola, secretária-geral do PSDB Mulher, falou sobre a importância da participação das tucanas na IV Conferência Nacional de Política para Mulheres. Após comentar a pressão feita por ela e Nancy para que houvesse representação de partidos de oposição e da situação no Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Eliana ficou como suplente. Alertando para o fato de que a Conferência Nacional, excepcionalmente, ficará para março de 2016, ano eleitoral, e reunirá 3mil mulheres. “Precisamos estar atentas e presentes, para eleger o maior número de delegadas para a Conferência Nacional que acontecerá em março e terá reflexos na campanha de 2016.” Quem convoca: Poder Executivo, CNDM, Poder Legislativo e a Sociedade Civil (três entidades juntamente, que funcionem há mais de dois anos). De 31 de julho a 18 de agosto.
Jimmy Rocha trouxe para o debate o trabalho feito com objetivo de ensinar povo brasileiro a fiscalizar o que é dele. “Graças a Deus nasceu a Aliança do Povo Democrático e praticamente em 75% dos movimentos envolvidos, são as mulheres quem estão à frente deles”.
Dra. Cristina iniciou sua fala agradecendo o brilhantismo de Yeda, dizendo acreditar muito que um dia a Justiça acontece e que é gratificante ver que o dia da justiça para ela chegou. Contou sua história e sua nova empreitada: a política, contou que sua meta é buscar o voto de quem não é obrigada a votar; o menor de 18 anos e o maior de 60. “A grande esperança desse país hoje se chama PSDB e temos que fazer base para atender a esse sentimento. Ano que vem é nossa grande oportunidade. Defendo e trabalho para que o PSDB eleja muitas mulheres em 2016.”
Redes Temáticas
Nancy Thame, vice-presidente do PSDB Nacional, apresentou as Redes Temáticas: “Temos algo novo no PSDB Mulher Nacional, que já fizemos em São Paulo e tem o respaldo do estatuto. Por que fazê-las? Eu sinto que temos um potencial tão grande, tão rico, que o modelo tradicional de compartilhamento já não é mais suficiente para distribuí-lo. Redes temáticas, portanto, seriam, canais que teriam como objetivos desenvolver propostas e ações em temas relevantes e de interesse do segmento; promover maior integração das filiadas; alimentar cotidianamente o debate político. Serão propostas criadas e mantidas junto ao secretariado nacional, onde serão submetidas à avaliação. A livre comunicação entre elas será incentivada, podendo haver, inclusive, a fusão entre duas ou mais delas, em algum momento”, enfatizou Nancy que, em seguida, deu posse às coordenadoras das Redes.
Depois do almoço, com o horário corrido em função do voo de volta para os estados natais de 40 participantes, formaram-se cinco grupos de trabalho para que as várias mulheres trocassem ideias e sugestões, que serão divulgadas oportunamente. Na saída da reunião, uma decisão já estava confirmada: retomar a Campanha Nacional de Filiação, marcada para o dia 14 de agosto, mesma data em que acontecerá o evento em Maceió, com a presença do presidente do PSDB, senador Aécio Neves.
Do site do PSDB-Mulher Nacional