Para deputados do PSDB, a suspeita do Ministério Público Federal de que as obras da Petrobras na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (PR) tenham sido alvo do mesmo esquema investigado em Abreu e Lima (Pernambuco) atinge mais uma vez a já ferida imagem da estatal.
O jornal O Estado de S. Paulo revelou que recursos de contratos superfaturados na unidade paranaense podem ter abastecido empresas ligadas ao ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa e ao doleiro Alberto Youssef.
O deputado Izalci Lucas (PSDB-DF) declarou que nada mais surpreende quando se trata de denúncias que envolvam a Petrobras. “Parece que é marca deste governo o desvio de recursos. A corrupção é a característica do governo. E essa denúncia é mais um braço do PT nos desmandos da Petrobras”.
Ainda de acordo com a reportagem do Estadão, a Petrobras contratou cinco consórcios de empreiteiras por R$ 7,5 bilhões. Os procuradores sustentam que parte do dinheiro pago às construtoras pode ter sido repassado a empresas suspeitas de integrar o esquema, como teria ocorrido em Abreu e Lima. O laudo da Polícia Federal, feito em abril, mostra que planilhas de contratos apresentam superfaturamento de R$ 1,4 bilhão.
Segundo o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), o assunto ganhou uma dimensão maior do que o governo esperava. “O grau de envolvimento do ex-diretor da Petrobras em operações desta natureza e a ligação de tudo isso com o doleiro Alberto Youssef devem ser urgentemente esclarecidos porque a opinião pública está aguardando explicações e o desenvolvimento dessas investigações que a CPMI tem a obrigação de fazer”, afirmou.
De acordo com Torres, o PSDB está cumprindo o papel de exigir um aprofundamento das investigações. “Uma empresa como a Petrobras está envolvida em casos muito graves que afetam a sua imagem e o nosso patrimônio, levando à desvalorização das ações”, completou. Segundo ele, o governo não vai conseguir tirar o assunto da mídia e do debate político, pois essa é uma questão de Estado.
Izalci afirmou que a CPMI vai receber o processo da Operação Lava Jato e, após a leitura do processo, a comissão terá mais condições de identificar outras ocorrências. “Observamos que tudo o que tem dedo do governo tem corrupção, seja na Petrobras, seja nos ministérios”, disse.
Com mais de 370 requerimentos em pauta, a CPMI que investiga as irregularidades na Petrobras fará uma reunião nesta quarta-feira (18), às 14h30. De acordo com os deputados tucanos, espera-se que a base governista compareça. “A única preocupação amanhã é a questão de quórum da base governista para votar os requerimentos”, disse Izalci.
Para Torres, a expectativa é que os integrantes estejam sintonizados com as expectativas da população. “A sociedade quer a apuração dos fatos, então essas decisões devem ser tomadas em função do interesse público. E não apenas na tentativa de encobrir fatos mais graves, como uma parte dos partidos governistas quer fazer”.
Além de analisar as centenas de pedidos de informações, documentos e quebras de sigilos, os parlamentares também devem discutir procedimentos a serem adotados nas oitivas de testemunhas.