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“Trocando as bolas”, análise do ITV

unnamed-17-300x200A primeira, e natural, reação é achar que Dilma Rousseff não está bem da bola. Suas proverbiais falas desconexas estão se tornando mais frequentes, reflexo de um desgoverno que se afunda em crise política, recessão econômica e seriíssimas acusações de corrupção. Mas a atitude da petista é pior: Dilma ataca para não se ver atacada, acusa quando é acusada, tenta transformar-se de suspeita em vítima.

Na semana passada, foi a mandioca e a “mulher sapiens”. Agora é a investida contra o principal delator da Operação Lava Jato, o empreiteiro Ricardo Pessoa. Dilma usa a velha tática petista de buscar igualar todos na lama, tenta comparar o incomparável. Na sua lógica torta, um colaborador da Justiça vira traidor. É típico de organizações criminosas.

Dilma vai mais fundo na maionese ao também nivelar instituições da República envolvidas na investigação da Lava Jato – Justiça, Ministério Público, Polícia Federal – com aparelhos da repressão que agiam à sombra do regime militar. É grave: revela o desapreço de uma presidente da República por valores e princípios republicanos.

Não é ela, na condição de suspeita de ter sido reeleita financiada por dinheiro sujo da corrupção, que tem que “respeitar delator”. Dilma é, neste momento, alvo de investigação, não bedel da Justiça. Ao voltar a tentar envergar o figurino da “Coração Valente” que lutou contra a ditadura, a petista posiciona-se agora como cúmplice de bandidos.

Na entrevista de ontem em Nova York, Dilma também faltou com a verdade. Ela sustenta nunca ter recebido Ricardo Pessoa. Pode até ser que ele não tenha subido ao gabinete dela no Planalto, mas a presidente e o delator já estiveram bem juntinhos.

Foi em 13 de julho de 2012, quando a petista dividiu com o presidente da UTC o palanque da cerimônia de batismo da plataforma P-59, realizada em Maragojipe (BA), pouco antes de Dilma citar Pessoa no discurso.

Na foto oficial, os dois aparecem bem pertinho um do outro. Em outro descontraído momento registrado pelo fotógrafo da Presidência da República, Dilma e Pessoa quebram a tampa de um barril de saquê e brindam “para trazer bons resultados ao novo empreendimento”, como registra o site da UTC. Blogs financiados pelo governo comemoraram a “associação ao capital privado nacional e estrangeiro”. Deu no que deu.

Em sua primeira manifestação pública sobre a delação de Ricardo Pessoa, Dilma aproximou-se do limite da delinquência. O que ela tem de esclarecer agora é a suspeita – plena de provas, como atesta o fato de a colaboração ter sido homologada por um ministro do Supremo – de que sua campanha foi bancada com dinheiro desviado de estatais.

Fazer discursos estapafúrdios é típico da atual presidente da República. Mas a sua manifesta incapacidade de comunicação não pode servir de salvo-conduto para que Dilma Rousseff tente constranger a Justiça, travar investigações, inverter o ônus da prova e nivelar a todos num padrão de baixeza que os brasileiros não suportam mais.

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