O líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), chamou de “desonestidade” a manobra adotada pelo governo para abafar os efeitos negativos do estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que apontou o avanço do número de miseráveis no país em 2013.
Atualizado sem alarde em 30 de outubro, o Ipeadata, banco de dados digital do órgão, mostrou que essa faixa da população cresceu de 10,08 milhões, em 2012, para 10,45 milhões no ano passado. A divulgação dessa informação deveria ter ocorrido há aproximadamente um mês. Em função da corrida eleitoral, no entanto, acabou sendo adiada por decisão política.
“Veio às claras o motivo pelo qual o governo Dilma proibiu o Ipea de divulgar dados durante a campanha eleitoral: pela primeira vez em dez anos, o número de miseráveis voltou a subir”, disse o tucano, que relembrou o conflito criado na instituição a partir de ordem da cúpula do órgão para postergar a apresentação do levantamento. “Dois pesquisadores do instituto pediram demissão como forma de repúdio à censura imposta. Uma vergonha!”, completou.
Na mesma linha se manifestou o deputado Otavio Leite (RJ): “O aparelhamento, as intervenções e a manipulação de dados são características de governos autoritários e, por isso, colocam nossa democracia em risco. Ganhar a qualquer preço tem um preço”, disse o tucano.
Leite recordou ainda a recente crise no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), deflagrada contra a decisão do governo de suspender até janeiro de 2015 a Pnad Contínua, nova e mais ampla pesquisa sobre mercado de trabalho no país. Servidores do órgão pressionaram e conseguiram retomá-la em maio. “A intervenção do governo nos institutos de pesquisa só ocorre quando os dados não lhes são favoráveis. Primeiro foi no IBGE e depois no Ipea.”
Desafios econômicos – Além de contestar o método adotado por Dilma e sua equipe para ocultar números negativos, os tucanos apontaram falhas administrativas na gestão petista que culminaram no aumento de miseráveis no Brasil. “Isto é um reflexo direto da alta da inflação que a presidente insiste em negar que existe. Os desafios econômicos que o país enfrenta não podem ser ignorados ou escondidos”, observou o deputado Rodrigo de Castro (MG).
O parlamentar reiterou o papel da oposição daqui para frente, apoiada por mais de 51 milhões de brasileiros que votaram no candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG). “Estaremos atentos e fiscalizando. Nosso papel, agora, é mais importante do que nunca e representaremos uma parcela da população que não aceita mentiras e números manipulados.”