A venda de poços de petróleo da Petrobras na África a um preço abaixo do mercado para o banco BTG Pactual, em 2013, reforça a robusta lista de fatos e argumentos em defesa da CPI para investigar a companhia, avaliam deputados tucanos. Em reunião de líderes, serão discutidos os nomes dos parlamentares que vão compor a comissão parlamentar de inquérito. Também será decidido se as investigações serão conduzidas por uma CPI mista, defendida pelo PSDB, se será formada uma comissão somente com senadores ou se ambas funcionarão paralelamente.
De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo de domingo (4), o BTG Pactual pagou US$ 1,5 bilhão, no ano passado, para ficar com metade das operações africanas da Petrobras e se tornar sócio da estatal. Segundo a matéria, os ativos foram avaliados em cerca de US$ 4,5 bilhões, valor reduzido posteriormente para US$ 3,16 bilhões. Para o BTG Pactual, o negócio foi tão bom que, em menos de oito meses, começou a recuperar o capital investido e tirou de lá US$ 150 milhões na forma de dividendos.
Para o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), o novo episódio demonstra que é pandêmica a má gestão da maior empresa brasileira. “Temos que reestatizá-la, tirar esses predadores de lá e ‘despetizá-la’. Para isso, tem que mudar o governo inteiro. Não dá para resolver todos os escândalos da Petrobras e das demais estatais e manter o desgoverno”, alertou. O parlamentar criticou ainda a presidente da Petrobras, Graça Foster, que permitiu a realização do negócio com o BTG Pactual. “Ela é incompetente e irresponsável, assim como quem a antecedeu [José Sérgio Gabrielli]”, declarou.
De acordo com o deputado Cesar Colnago (PSDB-ES), a CPI mista é essencial para esclarecer as múltiplas denúncias envolvendo a estatal e identificar cada um dos responsáveis pela má gestão do dinheiro de acionistas e investidores que acreditam na Petrobras. “A comissão vai apurar documentalmente e interrogar pessoas para que todos episódios sejam elucidados e, principalmente, os responsáveis punidos”, destacou Colnago, que não isentou Graça Foster da responsabilidade na venda dos poços africanos. “Mesmo sendo uma empresa de grande porte, é preciso que ela tenha mecanismos de controle para evitar situações como essa.”
Detalhes
No fim de semana, o líder do PSDB na Câmara, Antonio Imbassahy (BA), anunciou que irá protocolar requerimento ao ministro Edison Lobão, de Minas e Energia, a quem a Petrobras está vinculada, para obter detalhes sobre a venda de poços de petróleo da estatal brasileira na África. Ele também irá solicitar que o TCU (Tribunal de Contas da União) realize uma auditoria especial sobre a operação.
Imbassahy destacou que “a venda dos blocos de exploração na África foi mais um péssimo negócio para a Petrobras, que provocou perda bilionária para a empresa brasileira, assim como a compra de Pasadena”. “Essas negociações precisam ser esclarecidas pela Petrobras e também pela presidente Dilma, que tem responsabilidade sobre essas operações. Ela foi presidente do Conselho de Administração, aprovou Pasadena, e acompanhou essas negociações na África”, afirmou.
De acordo com o líder do PSDB, a venda dos ativos na África também terá de ser investigada pela CPI Mista. “A CPI terá muito a investigar e a esclarecer. Esses negócios no exterior estão se revelando uma caixa-preta. Em cada operação que se analisa, verifica-se mais um negócio ruim para a estatal. Não há empresa que suporte uma sucessão de prejuízos bilionários decorrentes dessa gestão nociva e danosa dos governos do PT, de Lula e Dilma”, afirmou.
Investigações
O PSDB na Câmara já definiu suas indicações para a CPMI. Futuro titular no colegiado, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), afirmou, em sua página no Facebook, que finalmente serão investigados os escândalos da companhia. “A justiça prevaleceu. Vamos, de uma vez por todas, apurar os desmandos e as irregularidades cometidas pelo governo federal, que fizeram a Petrobras não só perder mais da metade do seu valor, como o prestígio que mantinha no mercado internacional”, afirmou o parlamentar com experiência em comissões parlamentares de inquérito. O suplente do PSDB na comissão será o deputado Izalci Lucas (PSDB-DF).
Na mira da CPI
– Compra da refinaria de Pasadena (EUA), que custou em torno de US$ 1,25 bilhão e representou um prejuízo de US$ 530 milhões para a Petrobras;
– Suposto pagamento de propina no valor de US$ 139 milhões a funcionários da estatal pela empresa holandesa SBM Offshore;
– Lançamento de plataformas ao mar sem equipamentos necessários;
– Indícios de superfaturamento da construção de refinarias. Entre elas, a Abreu e Lima, em Pernambuco, que foi orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões e hoje passa dos US$ 18 bilhões;
Do Portal do PSDB na Câmara
