Início Artigos Um coração, duas nações

Um coração, duas nações

Hélio NishimotoSou brasileiro de nascimento e de coração. Amo meu país, nele nasci, cresci, vivo e é aqui que sirvo ao meu povo, por meio de meu trabalho.

Sou japonês de coração. Meus avós nasceram no “país do Sol nascente” e vieram para o Brasil, em busca de trabalho e de uma vida melhor.

Cresci no Brasil, sob a influência da comunidade nikkey.

Aprendi a reconhecer a beleza multicultural de nosso país, formado por um povo miscigenado, influenciado por povos de diversos lugares do mundo, que vieram para cá em busca do sonho de uma vida melhor.

Aprendi a respeitar a cultura de meus ancestrais, reconhecendo seu valor, passado de geração em geração através da história oral e das festas que valorizam a manutenção de sua tradição.

A Copa do Mundo é uma festa das nações e, especialmente para mim, uma celebração dessa minha origem dupla. Ter uma Copa acontecendo em meu país, é uma alegria. E, receber aqui, meus irmãos japoneses, uma grande honra.

Dessa linda festa dos povos, celebro duas coisas de forma particular:

Em primeiro lugar, a simpatia de nosso povo brasileiro, tão sofrido em seu cotidiano, mas sempre alegre, simpático e receptivo. De todas as pesquisas que li, sobre o que mais tem impressionado os estrangeiros que vieram para a Copa do Mundo, a simpatia de nosso povo está, sempre, em primeiro lugar. Nosso povo é bom, é caloroso, é bonito e sabe fazer festa.

Em segundo lugar como é impressionante o poder transformador, pelo exemplo silencioso, da cultura japonesa. Vê-los, disciplinadamente e sem fazer alarde, recolhendo o lixo que produziram nos estádios, e, em seguida, recolhendo o lixo dos outros, também, foi de um impacto transformador sem precedentes. Para mim, foi a principal manchete da Copa, para além do tema “futebol”. Os japoneses são assim. Acreditam no poder de um bom testemunho e no impacto grandioso das pequenas atitudes.

O Brasil seguirá na Copa, espero e torço, até a conquista do Hexa. O Japão, ficou na primeira fase, infelizmente. Entretanto, o legado de ambas as culturas permanece e permanecerá por muito tempo e deve nos influenciar e nos ensinar que, no cotidiano da vida, são as pequenas atitudes que geram grandes impactos.

Artigo anteriorA herança para 2015
Próximo artigoAécio participa do lançamento do livro de José Serra