A campanha à reeleição se vale, dia sim, dia também, de mentiras e mistificações. Em seu discurso ufanista, classifica de “pessimistas” os que se encorajam a criticar o estado atual das coisas no país e a propor mudar o que aí está. Se assim fosse, os petistas deveriam dirigir sua artilharia ao mundo todo, que hoje desconfia do Brasil.
A economia brasileira protagoniza atualmente o papel de patinho feio no concerto internacional. Figuramos como lanternas em quaisquer avaliações e rankings de desempenho e crescimento que constantemente são divulgados por instituições sérias no mundo. O PT se acha mais respeitável que elas.
Ontem, a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), que reúne o grupo de países com maior desenvolvimento do globo, divulgou suas previsões para o desempenho de seus integrantes neste e no próximo anos. Adivinhem quem se sai pior na foto? O Brasil.
Segundo os prognósticos anunciados ontem, o reino do otimismo dilmista foi o país com maior redução nas previsões. Apenas quatro meses atrás, a OCDE acreditava que o PIB brasileiro cresceria 1,8% neste ano. Agora passou a prever que não passaremos de 0,3%. Foi o maior corte feito pela instituição. Para 2015, o prognóstico é igualmente desanimador: crescimento de apenas 1,4%, ante 2,3% previstos anteriormente.
Trata-se de um padrão. As estimativas feitas por analistas de todos os matizes começam altas e paulatinamente vão sendo revistas, invariavelmente para baixo. Como acontece, também, com o Boletim Focus, do Banco Central: um ano atrás, previa-se alta de 2,3% para o PIB em 2014, percentual agora cortado para o mesmo 0,3% estimado pela OCDE. O corolário sempre coincide: o fundo do poço em que hoje estamos.
O governo petista insiste em dizer – ou melhor, mentir – que o Brasil vai mal porque o mundo vai pior. Mas, no mesmo levantamento, a OCDE mostra que economias que sofreram abalos profundos com a crise nascida há exatos seis anos já se recuperaram e crescem hoje muito mais que a brasileira. O inferno está aqui dentro mesmo.
Outras economias se sairão bem melhor neste ano: alcançarão crescimento de desde 2,1%, caso dos Estados Unidos, até os 5,7% da Índia e os 7,4% da China, países tão emergentes quanto o Brasil, mas que, ao contrário de nós, vão de vento em popa. Só a economia italiana ficará pior que a brasileira no retrato.
Não se supera um problema se não se reconhece a sua existência. Pior ainda é tratar as dificuldades com cores propagandísticas e abordagem mistificadora, típicas da campanha eleitoral de Dilma Rousseff. Cabe perguntar: Afinal, quem são os pessimistas: os que apostam no país e se frustram ou os que o estão levando ao fundo do buraco?