Nos estertores da ditadura militar, no dia da votação da emenda Dante de Oliveira que restabelecia a eleição direta para a Presidência da República, a população de Brasília assistiu a uma cena decadente: montado em um cavalo, o general Newton Cruz, espada em punho, cavalgava entre os carros e as pessoas para tentar evitar que elas batessem panelas em protesto.
Não conseguiu e se contentou em prender um ou outro para “manter a ordem pública” e garantir a “segurança” dos parlamentares para votarem, a maioria deles, contra o povo, que perdeu, mas não esqueceu.
Passados 31 anos, o povo brasileiro volta às ruas para manifestar sua indignação, sua insatisfação contra um governo que, se não tem sua origem em um regime totalitário, usa de métodos de pressão e de intimidação para tentar cercear o legitimo direito de um cidadão se manifestar.
Ameaçar chamar “o exército de Stédile”, marcar marcha de aliados pelegos dois dias antes do protesto programado espontaneamente pelo povo, e prosseguir em sua campanha de manipulação da opinião publica são o retrato perfeito de um regime autoritário que pretende impor sua vontade a todos.
Acusar os partidos de oposição de comandar os panelaços e as vaias ou definir seus participantes como minoria “branca” é infame e ineficiente porque a população age de maneira consciente e determinada ao dizer “não” e não é boba.
O povo brasileiro sabe que foi enganado nas eleições presidenciais do ano passado, vitima de um estelionato que reconduziu ao Palácio do Planalto Dilma Rousseff e o PT.
O povo está, de fato, irritado e preocupado, assim como a atual presidente de todos os brasileiros sabe com quem e com o quê: com ela e sua desastrada politica econômica no governo anterior que dizimou o poder do compra de todas as donas de casa, que a cada vez compram menos nos supermercados.
É patético vê-la responsabilizar a economia internacional pelos estragos que ela mesma cometeu em seu governo anterior, apesar de todos os alertas da oposição, que cumpria seu trabalho de apontar os erros e sugerir soluções que nunca foram acatadas.
Dilma Rousseff busca “bodes expiatórios” e terceiriza responsabilidades que são suas. O PSDB cumpriu seu dever cívico. Denunciou a corrupção na Petrobras e em outros órgãos públicos. Denunciou que o Estado brasileiro estava sendo aparelhado e “privatizado” pelo PT. Apontou o crescimento da inflação e a redução do crescimento do país.
O governo Dilma Rousseff ignorou todos os alertas, todos os avisos. Preferiu minimizar as críticas, reduzindo-as a meras querelas oposicionistas. Deu no que deu!
E, por fim, é inadmissível querer intimidar o soberano direito do povo de se manifestar, sem violência, contra o atual estado das coisas.
Vamos, sim, vaiar quem merece no dia 15 de março, que será um marco na história recente do país.
Vamos, sim, bater panela porque as mulheres sabem o quanto custam o feijão e o arroz nosso de cada dia.
Se no passado já enfrentamos militares ensandecidos nas ruas, não nos faltará coragem e determinação para gritar, vaiar e bater panelas para quem usou a democracia duramente conquistada para destruir empresas e se beneficiar da corrupção!
Todas às ruas no dia 15 de março!