Assistimos, há algumas semanas, a uma tragédia que abalou o País e mudou o quadro eleitoral: a morte do jovem e promissor líder Eduardo Campos, com todo o seu peso brutal, que enlutou a Nação e causou indizível sofrimento aos seus familiares. O ocorrido nos fez prestar mais atenção ao que ele propunha, sintetizado em sua frase “Não vamos desistir do Brasil”.
Esse apelo traduz o entendimento de uma situação real, que existe em nosso País. Agora mesmo, embora as pesquisas mostrem que, em sua maioria esmagadora, a população anseie por mudança no governo federal, na pergunta, feita pelo Instituto Datafolha, sobre quem deverá vencer a eleições, Dilma Rousseff alcança o maior índice.
Essa aparente contradição – a maioria quer que mude, mas acha que vai continuar como está – traduz o desânimo, fruto da descrença da população brasileira em sua capacidade de ser, de fato, como de direito, o agente da mudança, a força capaz de dar ao nosso País um novo rumo, que nos livre do eterno subdesenvolvimento, que penaliza a vida de todos nós, principalmente as populações mais carentes, mais dependentes de um país eficiente, que funcione e possa proporcionar mais oportunidades para todos.
Não podemos desistir do Brasil, dizia Campos. E, com razão, nos fazia esse apelo.
E o dia para mostrar que não desistimos do Brasil – 5 de outubro – está próximo. Essa é a hora do povo. Essa é a hora de mostrar quem somos e o que queremos: com toda a força dos nossos sentimentos, que o nosso País seja conduzido de forma diferente como vem acontecendo. Cabe a cada um de nós fazer isso acontecer.
Não podemos permitir que nossa vontade seja desrespeitada. Mas, como se dizia antigamente, é preciso se dar ao respeito – respeitar-se a si mesmo – para ser respeitado.
Respeitar o instrumento que temos, respeitar o nosso voto.
Portanto, antes de decidirmos em quem votar, é preciso pensar no que queremos, qual a tarefa que queremos ver realizada.
Em linhas gerais, queremos que o País seja conduzido de olho no futuro, pois é o imediatismo, promovido por governantes que distribuem, para angariar votos, benefícios públicos como se fossem seus, que nos impede de pensar olhando para o futuro e, consequentemente, de construí-lo, perpetuando assim a nossa condição de país subdesenvolvido.
Não há quem possa contradizer, ao ver as condições em que vive o nosso povo, o fato de que as populações dos países desenvolvidos vivem melhor. Nesses países, o povo tem mais confiança no futuro. Conta com um Estado mais eficiente. É mais respeitado. Tem educação melhor e mais perspectivas de crescimento. E o que torna essas nações desenvolvidas? É evidente: o poder de suas economias.
Temos de entender que o que deve crescer não é o Estado, mas a economia. Esse é o caminho que nos livrará do subdesenvolvimento. Não se pode dividir o social do econômico. Um depende do outro. Uma economia fraca não pode proporcionar benefícios de fato, de forma efetiva e continuada, à sua população.
E, ao pensar nos candidatos que se apresentam, acredito que poucos terão dúvidas de que aquele mais preparado para realizar essa tarefa, não apenas individualmente, mas também em função da equipe que o cerca, é o candidato Aécio Neves.
A crítica que se faz a Aécio deriva exatamente da falta de entendimento de qual é, de fato, a questão central, para o nosso País. A acusação que lhe fazem é a de que está mais voltado para fazer a economia crescer do que distribuir benefícios. Essa é uma falsa questão. Afinal, que benefícios tem o Brasil com uma administração com 39 ministérios, em que os recursos que deveriam ser usados em investimentos para melhorar a saúde, a educação, a infraestrutura e a segurança são usados para custear um Estado cuja principal característica, reconhecida por todos, sem que haja uma só pessoa que possa discordar, é a sua ineficiência?
Não podemos desistir do Brasil. Não podemos desistir dele achando que não podemos fazer a verdadeira mudança que queremos. E não podemos desistir dele, também, nos apegando mais uma vez a um salvador da pátria, que nos fala ao coração, por sua singeleza, mas que não é o mais indicado para realizar a tarefa que precisamos.
Com realismo, com o cuidado de um trabalhador que escolhe as suas ferramentas de trabalho, que sabe que daí é que virá o sustento de sua família, é que temos que escolher o melhor candidato para a realização da tarefa que consideramos essencial. Que deixará para trás este momento, no qual quase chegamos a desistir da grande nação que podemos construir.
Miguel Haddad, ex-prefeito de Jundiaí