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Virada Cultural: mais cara e menos abrangente

A incoerência do discurso petista só avança e desta vez recai sobre a Virada Cultural, a festa mais popular de São Paulo.

Pela primeira vez, o evento será realizado pela gestão Fernando Haddad. E qual foi minha surpresa ao saber que apesar de ter maior orçamento de sua história, esta será uma das menores edições já realizadas.

A nona edição da festa custará cerca de R$ 10 milhões de reais, 33% a mais em relação à oitava, quando foram gastos R$ 7,5 milhões. Apesar disso, a quantidade de atrações diminuiu 16%.

Ainda falando em números, em 2012 a Virada Cultural ofereceu aos seus 4 milhões de visitantes 790 atrações no centro de São Paulo e 414 em áreas periféricas. Para este ano estão previstas 784 atrações centrais e apenas 226 em pontos mais afastados.

Fica então a dúvida: onde está a consideração que o PT e o senhor Fernando Haddad dizem ter pelos moradores dessas regiões?

Digo isso porque ao longo das gestões Serra e Kassab, o partido teimava em apontá-los como governantes das classes média e alta, desatentos às necessidades dos mais pobres.

No caso da Virada Cultural, foi justamente o então prefeito Serra quem a criou, a fim de oferecer a todas as pessoas da cidade acesso a uma programação gratuita com peças de teatro, filmes, shows, espetáculos de dança, oficinas artesanais, entre outros. Cuidou ainda de levar toda essa diversidade às zonas periféricas, poupando os munícipes de se deslocarem para áreas afastadas de suas casas.

Creio que o prefeito Haddad tenha esquecido, mas não são poucos os casos de famílias sem condições financeiras de pegar ônibus e metrô para chegar ao centro. Com tal atitude, as faz perder uma das únicas chances de inserção na vida cultural de São Paulo.

Na certa, o secretário municipal da Cultura, Juca Ferreira, não pensou nisso quando disse: “não queremos que a periferia tenha de ficar na periferia. Queremos que as pessoas que moram lá venham até a Virada”.

Ele parece se esquecer de que não raramente o “ficar na periferia” não é uma escolha de seus habitantes, mas sim uma condição contra a qual não podem lutar por falta de condições financeiras.

Pior ainda é o secretário afirmar que a Virada não diminuiu, e sim sofreu um “reordenamento”. E afirmar ainda: “o conceito é permitir uma convivência inaudita na cidade, por isso ela não pode se dispersar”.

O êxito de um evento, especialmente no caso da Virada Cultural, não se limita ao público reunido, mas à contribuição dada à cultura da população de São Paulo. Isso não pode ser medido. Agora, o PT a está transformando em um evento “cartão postal”, onde contam apenas fotos nos jornais de multidões perante um palco.

Infelizmente, graças à iniciativa do prefeito Fernando Haddad, a periferia ficará escondida na Virada Cultural 2013. Ironicamente, por obra de quem mais diz lutar por ela.

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