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Virada Cultural ou Virada Policial?

O balanço da Virada Cultural este ano teve dois mortos, vários feridos e muitos erros de organização, estratégia e planejamento. O equívoco que mais chamou atenção foi o de concentrar todas as atrações na região central da cidade.

A prefeitura retirou mais de 200 eventos de muitos bairros da periferia e dos Centros Educacionais Unificados, os CEUS, palcos de 162 espetáculos em 2012.

Durante a campanha eleitoral, o prefeito Fernando Haddad dizia que queria “uma periferia vibrante, com cultura”. Agora, na prefeitura age justamente ao contrário. Na administração petista, o evento mais popular de São Paulo, criado em 2005 na gestão do ex-prefeito José Serra, abandonou a periferia.

É preciso ter cultura em toda a cidade. Não dá para entender por que tirar as opções de lazer e diversão justamente dos que moram em áreas mais distantes e não podem ou não querem se deslocar durante a madrugada.

Recentemente, apresentei projeto que torna a Virada lei, e estimula, ainda, eventos menores, as “viradinhas”, promovidas por subprefeituras, com atrações que seriam selecionadas ou não para a Virada anual, com a participação também de artistas locais. Isso só aumentaria o número de atividades artísticas em áreas periféricas, prestigiando sua produção artística e garantindo mais segurança e entretenimento aos moradores.

Já incorporado ao calendário da nossa cidade, a Virada Cultural deste ano foi menor do que a do ano passado, mesmo com orçamento 33% maior: R$ 10 milhões. No total, quatro milhões de pessoas foram a 790 eventos no Centro e 414 em áreas periféricas em 2012. Agora, foram 784 atrações centrais e 226 em pontos distantes.

A Virada é a cara de São Paulo, expressão máxima de uma de suas maiores vocações: valorizar o talento da produção artística na cidade. E a festa é de todos, Centro e periferia. Por mais que alguns não queiram.

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