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“Servidores em greve e Dilma longe das medalhas”

Antonio de Souza Ramalho,  presidente do Núcleo Sindical do PSDB

 

Em São Paulo, filas no embarque dos aeroportos, caos na alfândega, emissão de passaportes prejudicada. No Rio de Janeiro, bloqueios na Ponte Rio-Niteroi, DNIT, Ministério da Fazenda e Arquivo Nacional, todos parados. Auditores fiscais suspenderam suas atividades em 6 estados. Universidades Federais, INCRA, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Federal, Ministério do Meio Ambiente. Pelos menos uma dúzia de órgãos do governo federal estão parados, ou em “operação padrão” em vários estados, na mais grave crise de relacionamento de todo o governo com o funcionalismo público.

E a culpa é da presidente Dilma Roussef. Seu antecessor, com raízes no movimento sindical, mantinha diálogo aberto com os trabalhadores, ouvia as centrais sindicais e delegava poderes ao Ministério do Trabalho, que atualmente anda sem nenhum prestígio e praticamente sem função. Centralizadora, Dilma delegou a tarefa de negociar e manter o diálogo com os trabalhadores a quem não é do ramo, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da presidência. Um erro que, eventualmente, pode custar caro para a própria presidente por conta de reflexos em sua popularidade, mas que já está causando prejuízos em todo o país.

Dilma tem dado mostras sucessivas de que não morre de amores (se é que não gosta mesmo), dos trabalhadores. Pacotes que só beneficiam setores onde está concentrado o capital, e não o trabalho, não desoneração do Imposto de Renda na PLR, reforma da poupança que não beneficia os mais pobres e a recusa em receber as centrais sindicais (inclusive desmarcando reuniões em cima da hora) são algumas provas de que as preocupações da presidente estão muito mais voltadas para o projeto de poder de seu partido.

Só que agora os funcionários públicos federais resolveram se rebelar contra a indiferença da presidente, paralisando suas atividades.

Todo trabalhador tem direito à greve e se ela é justa ou não, são os tribunais que vão decidir. Sem entrar no mérito de cada uma das categorias que estão paradas, as causas de todas essas greves parecem estar ligadas à intransigência do governo em ouvir, negociar e chegar a um consenso. E isso acontece por dois motivos, a personalidade da chefe da nação e o desleixo com os gastos públicos e o enxugamento da máquina administrativa, improdutiva. Talvez o governo não negocie porque não tem como fazê-lo, uma vez que a máquina estatal, de tão aparelhada pelo partido do governo, não ofereça margem para negociação.

Em tempos de Jogos Olímpicos, vale lembrar o ideário do Barão de Coubertin, de que o que mais vale é a boa competição. Mas se a competição fosse comparada ao simples diálogo e a sentada à mesa para negociar, a presidente Dilma sequer se classificaria para os jogos.

 

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