Início Na imprensa Poder Entrevista: Rodrigo Garcia, governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição

Poder Entrevista: Rodrigo Garcia, governador de São Paulo e pré-candidato à reeleição

Em entrevista ao Poder360, o governador de São Paulo disse que já recebeu alguns nomes, mas que definição começa na semana que vem. MDB também está no páreo Governo do Estado de São Paulo

O governador de São Paulo e candidato à reeleição, Rodrigo Garcia (PSDB), em entrevista ao jornalista Guilherme Waltenberg do Portal Poder 360, falou sobre sua campanha à reeleição. Segundo o pré-candidato tucano, a escolha do vice de sua chapa, que está entre nomes do MDB e União Brasil, deve ser analisada na próxima semana. Segundo ele, a coligação poderá lançar mais que um nome ao Senado.
Leia trechos da entrevista: 
 
O senhor consolidou a maior aliança do Estado para estas eleições, mas não lidera as pesquisas. Um dos motores das alianças é o pêndulo do poder. Qual a perspectiva de poder dos teus aliados? 
Uma história de vida construída e dedicada ao Estado de São Paulo em 24 anos de mandato. Eles viram que o futuro de São Paulo está muito mais próximo de alguém moderado, que conhece a realidade do Estado, não porque há um projeto político de presidente que precisa de alguém aqui. Meus aliados enxergam que São Paulo vai ficar longe dessa polarização, vai discutir seus problemas, sua realidade e não vai se submeter a nenhuma candidatura presidencial. Minha candidatura autônoma e independente vai naturalmente dialogar com quem quer que seja o candidato escolhido a presidente. Mas ainda estamos longe do início do processo eleitoral.
A 3ª via, então, está fluindo em São Paulo, mas ainda não no plano nacional? 
Eu não gosto da expressão 3ª via. O 3º não é o 1º nem o 2º colocado. Diria que as eleições presidenciais são mais importantes e é natural que se sobreponham à discussão da eleição de governadores, senadores e deputados. No momento certo, em setembro, a população vai identificar a importância de escolher um candidato a governador. Se olharmos as pesquisas, vemos que na nacional há uma intenção de votos espontâneos que chega perto dos 80%. As pessoas já têm sua opinião. No caso dos governadores, como em São Paulo, a espontânea não chega a 15%. Está longe do imaginário da população e muito mais longe de uma decisão.
 
Seus aliados têm comemorado as últimas pesquisas. O senhor cresceu depois de visitas e entregas no interior. Agora, a lei eleitoral impede esses atos. Quais os próximos passos?
Diferente dos outros pré-candidatos, eu governo São Paulo, tenho responsabilidades com o dia a dia do Estado e a minha maior demanda é a rotina. Tomo decisões a todo momento, participo de entregas de obras e reuniões. Naturalmente, as pessoas vão identificando quem é o novo governador e avaliando. Esse é o meu foco. Campanha fica para o início da noite, finais de semana. Na semana que vem realizaremos o 1º grande lançamento da base do meu programa de governo, coordenado pela economista Zeina Latif. Essa é uma atividade voltada para a questão eleitoral. Mas o foco principal é o cargo de governador, a responsabilidade de administrar este Estado Nação.
Seus adversários dizem que medidas como congelar tarifas são eleitoreiras. Seu foco era nas eleições?
Depois da pandemia, o mundo passa por um processo de reorganização das cadeias produtivas que fez com que a inflação voltasse em vários países. É um momento de grande apreensão com o futuro da economia e aqui não é diferente. Há décadas a gente não vivia uma perda de poder de compra como a atual. A maior parte das famílias não têm dinheiro para chegar ao fim do mês. A vida não está fácil para ninguém e todo o esforço que o governo puder fazer para apoiar a diminuição do custo de vida, deve ser feito. Foi o que norteou as decisões do governo paulista. Não aumentamos tarifas, reduzimos o ICMS da gasolina por uma lei federal. Todas essas decisões vão ao encontro do que a sociedade espera e foram tomadas com base nos contratos e nas regras fiscais. Qualquer necessidade de ampliar os recursos da arrecadação, temos o superavit do ano passado para cobrir essa perda de arrecadação. O governo de São Paulo encontrou um caminho para diminuir o custo de vida da população com responsabilidade fiscal, respeitando os contratos.
 
A decisão sobre o teto de ICMS impacta na arrecadação. Outras áreas terão aumento de ICMS?
Isso terá de ser discutido com todo o país, inclusive o governo federal, depois das eleições. Será fundamental uma repactuação dos governos estaduais e as prefeituras com a União. Temos um pacto federativo extremamente injusto com Estados produtores. Natural, estamos em um país federativo e os mais ricos ajudam o desenvolvimento dos mais pobres. Mas muitas vezes se leva dinheiro daqui para fazer benefício fiscal em outro Estado, ou para a questão do funcionalismo público federal. Dinheiro mal gasto. Como será a vida financeira dos Estados depois dessas reduções é uma questão em aberto. Fiz uma proposta para o governo federal recompensar os Estados diminuindo o pagamento da dívida pública. Você perde arrecadação de um lado e deixa de pagar parte da dívida pública do outro, é uma compensação e não impacta as ações de investimento dos Estado.
Nesta 5ª feira o PSD declarou apoio ao ex-ministro Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo. Dificulta o seu caminho para a reeleição?
É uma aliança no extremo da política que o candidato representa. Não vou comentar alianças de terceiros. Estou preocupado com o arco de alianças que montei, que representa um grande número de prefeitos e deputados de São Paulo. Tenho hoje apoio da maior parte dos prefeitos do PL e do PSD. Me apoiam, mesmo oficialmente estando na aliança do candidato do presidente Bolsonaro. No caso de Haddad, do PT, todos os prefeitos do PV, que está com ele, me apoiam. A realidade em São Paulo está se impondo sobre os partidos. Eles enxergam na minha précandidatura aquilo que querem para o futuro de São Paulo e eu prefiro agradecer a esses apoios a comentar aliança de adversário. Que seja feito o debate e a população, de maneira soberana, escolha.
 
O senhor está fechando apoio do União Brasil. Eles devem ficar com a vice?
Eles têm toda a condição de fazer a sugestão de nomes para candidatura de vice ou do Senado na minha chapa. É o maior partido do Brasil. Deixei claro para o presidente Luciano Bivar que ele terá espaço na minha candidatura para expor as suas ideias. Não acredito nos extremos, portanto não apoiarei Lula nem Bolsonaro. Vou apoiar gente de fora desse grupo e dar espaço para o caminho do meio, do bom senso, do equilíbrio. Simone Tebet entra aí também, e tem o apoio do PSDB.
 
Mas havia um acordo que o MDB indicaria a vice. Isso mudou?
Existe uma expectativa do MDB também fazer a indicação do vice ou do Senado. Combinamos que a partir da semana que vem, através de pesquisas e análises, vamos avaliar os principais nomes. Tem grandes quadros aqui no Estado.
 
Quais os nomes MDB e União Brasil já sugeriram ao senhor como possíveis vices? 
É a partir desta semana que esses nomes virão de fato. Houve muita especulação, e posso citar no MDB o ex-secretário de Saúde de São Paulo Edson Aparecido e a ex-prefeita de Itapetininga Simone Marquetto. No União Brasil, o ex-ministro Henrique Meirelles, o médico Cláudio Lottenberg, o vereador Milton Leite e o ex-secretário da Receita Marcos Cintra. Deixamos os partidos muito à vontade para fazer uma avaliação e identificar aquele que mais agrega, que mais ajuda a gente a representar esse novo projeto para São Paulo que tem como objetivo principal a manutenção das grandes conquistas até hoje realizadas pelo nosso Estado, mas com um olhar para o futuro, para a inovação, para entregar uma política pública de qualidade e um serviço público bem avaliado.
O PSDB também tem pré-candidatos ao Senado. 
Nós temos 2, José Aníbal e Fernando Alfredo, e candidaturas de outros partidos aliados. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) permite que você tenha mais de uma candidatura na mesma coligação. A 1ª decisão com os aliados é se nós caminharemos com um único candidato ao Senado ou se queremos mais de uma candidatura. Isso será decidido até o fim do mês, prazo das convenções. Serão 3 semanas longas para encontrar consenso sobre o Senado e a vice.
 
E como vai funcionar o palanque duplo para presidente em SP?
Eu lembro em 2014 quando o candidato a governador era o Geraldo Alckmin apoiando Aécio Neves [para presidente] e o vice, Márcio França, apoiando Eduardo Campos. Tudo isso faz parte da política brasileira. O União Brasil terá todo o espaço de usar o programa de televisão para mostrar suas ideias, e o MDB também. Vamos encontrar um jeito bem claro de mostrar à sociedade paulista que a minha candidatura e as candidaturas a presidente na minha coligação representam a moderação, o olhar para frente, não os extremos, seja a extrema direita ou a extrema esquerda.
 
Em um eventual 2º turno entre Lula e Bolsonaro, quem o senhor apoia? 
No 2º turno vamos tratar sobre isso, se houver 2º turno e se os 2 forem para o 2º turno. Não sou daqueles que entregam o jogo antes da hora, vamos ter diálogo e amadurecimento em relação às candidaturas. Vou trabalhar muito para ir ao 2º turno em São Paulo e dar espaço para as candidaturas da melhor via. Tudo que representar algo de bom em São Paulo, vai contar com o meu apoio.
 
O PSDB teve baixas relevantes e hoje é um partido médio. Há chance de reconstruir o partido? Qual o papel que o senhor quer ter nesse processo? 
O PSDB tem muita história. Nos governos FHC, aprovamos as principais medidas de reforma do Estado brasileiro. A LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), as quebras de monopólio, avanços enormes na política monetária, implantação do Plano Real. São as bases que sustentam a economia brasileira até hoje. É natural o PSDB viver, como outros partidos, uma pulverização de forças políticas. Na época, o Brasil tinha 5, 6 partidos fortes. Hoje são 10, 12. Partidos tinham mais de 100 deputados. Hoje, os grandes têm 50, 55. Mais que o número de parlamentares, o que interessa são as bandeiras, a nossa é a social democracia, muito importante num país com a nossa desigualdade. Acredito que com a minha eleição e de outros colegas do partido, como o Eduardo Leite (RS), Eduardo Riedel (MS), Pedro Cunha Lima (PB), Raquel Lyra (PE), não só os governadores, mas a bancada terá de continuar representando as bandeiras do PSDB e buscar a permanente capacidade de renovação de quadros.
O senhor foi vice do João Doria, mas houve um distanciamento depois de ele desistir da candidatura a presidente. Qual o papel dele na sua campanha?
Não existe afastamento. Doria saiu da vida pública. Foi um bom governador, bom prefeito, e, por uma decisão pessoal, se afastou da vida pública. O papel dele é como um grande eleitor, um grande empresário que está atento e se preocupa com o país e já declarou o voto na minha candidatura. Agradeço e fico feliz.
Como o senhor avalia a PEC das Bondades, que o governo federal tenta aprovar na Câmara? 
O único voto contrário no Senado foi do tucano paulista José Serra. Eu ficaria muito mais tranquilo se o país tivesse encontrado o caminho que São Paulo encontrou, de poder diminuir o custo de vida da população nesse momento de retomada econômica sem prejudicar o fiscal. Muitas vezes essa conta fica para o futuro, gerando gastos que vão pressionar a inflação. São Paulo encontrou um caminho diferente, com responsabilidade fiscal.
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