Folha de São Paulo
O presidente da Casa da Moeda, Luiz Felipe Denucci, foi demitido no sábado por suspeita de receber propina de fornecedores do órgão via duas empresas no exterior em nome dele e da filha. A exoneração, indicado para o cargo pelo PTB em 2008, foi formalizada no fim de semana por um funcionário do terceiro escalão do Ministério da Fazenda.
Ela ocorre após ter chegado à Fazenda informação que a “Folha de S.Paulo” preparava reportagem sobre o caso.
As investigações indicam que Denucci e sua filha Ana Gabriela tinham duas “offshores” nas Ilhas Virgens Britânicas, conhecido paraíso fiscal, em 2010, quando o servidor já comandava a Casa da Moeda. “Offshores” são empresas no exterior que mantém sob sigilo o nome dos seus donos.
Nos últimos três anos, essas “offshores” teriam recebido US$ 25 milhões de operações financeiras no exterior, segundo um relatório da WIT, companhia especializada em transferência de dinheiro com sede em Londres.
A WIT aponta que os valores são oriundos de pagamento de comissão feito por dois fornecedoras exclusivos da Casa da Moeda, equivalente a 2% dos contratos firmados.
Resposta
Procurada, a WIT diz ter sido contratada para realizar as transações por Jorge Gaviria, advogado em Miami e procurador dos Denucci.
Denucci admite conhecer o dono da WIT, a quem chama de primo, e admite a existência das empresas, mas disse que o relatório é falso.
Apesar de indicado pelo líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO) em 2008, Denucci foi abandonado.
“Ele tratou o partido como se não tivesse obrigações com ele”, disse Jovair.
No discurso de despedida proferido ontem para funcionários, Denucci atribuiu sua saída ao que chamou de perseguição implacável contra ele e sua família.
Denucci também é investigado pela Polícia Federal por suposta remessa ilegal de dinheiro do exterior para o Brasil.
O Ministério da Fazenda, a quem a Casa da Moeda é vinculada, não se manifestou até o fechamento desta edição.