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Ministro das Cidades deixa o cargo e é o sétimo a cair por mau uso de verbas; PP mantém a pasta

Do Uol, em Brasília –

Camila Campanerut e Maurício Savarese

Filiado ao PP, Mário Negromonte é o primeiro ministro a cair em 2012 após acusações de mau uso de verbas públicas. Ele oficializou sua saída da pasta das Cidades após reunião com a presidente Dilma Rousseff na tarde desta quinta-feira (2), em Brasília. Negromonte sai em meio a acusações de que membros de sua equipe negociaram com lobistas em um projeto de informática e de que obras ligadas à Copa do Mundo em Cuiabá teriam sofrido ingerência para ficarem mais caras.

O agora ex-ministro será substituído por seu correligionário Aguinaldo Ribeiro (PP). Em nota oficial entregue pela ministra-chefe de Comunicação Social, Helena Chagas, o governo anuncia a demissão do ministro: “O ministro das Cidades, deputado Mário Negromonte, entregou hoje sua carta de demissão à presidenta Dilma Rousseff. A presidenta da República agradece os serviços por ele prestados ao país à frente da pasta e lhe deseja boa sorte em seus novos projetos. Para substituí-lo a presidenta convidou o deputado Aguinaldo Ribeiro”.

Depois de se dizer “mais firme [no cargo] do que as pirâmides do Egito”, Negromonte se tornou o sétimo membro do governo Dilma Rousseff a sair por denúncias de corrupção: Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo), Orlando Silva (Esportes) e Carlos Lupi (Trabalho) o precederam. O ex-ministro da Defesa Nelson Jobim também deixou o governo, mas por ter feito críticas públicas à gestão.

Negromonte deve reassumir o mandato de deputado federal, cuja cadeira estava sendo ocupada por seu segundo suplente, o ex-pugilista Acelino Popó Freitas.

Ele se fragilizou na pasta depois de o jornal “Folha de S.Paulo” informar que o chefe de seu gabinete, Cássio Peixoto, recebeu lobistas para contratar um sistema de informatização da pasta. Eles negam terem fechado qualquer acordo e a licitação ainda não foi feita.

No ano passado, o jornal “O Estado de S. Paulo” informou que obras de transporte em Cuiabá receberam uma nota técnica negativa no ministério e, mais tarde, esse parecer foi mudado de maneira suspeita, supostamente com interferência pessoal do ministro. Essa alteração aumentaria os custos da obra em R$ 700 milhões.

Sindicância

Negromonte foi ao Congresso para negar as denúncias e instaurou uma sindicância ainda não finalizada no Ministério das Cidades. Ele nunca esteve confortável no cargo, mesmo entre os colegas: muitos preferiam o retorno de Márcio Fortes, titular da pasta no governo Luiz Inácio Lula da Silva, ou eram críticos dos aliados que o ministro escolheu na Câmara e no Senado.

Nascido em Recife, o advogado e empresário Negromonte, 61, fez carreira política na Bahia. Ele já foi filiado ao PMDB (1986-1988), ao PSDB (1988-2001) e entrou no PP em 2001 (na época o partido se chamava PPB). Foi deputado estadual entre 1991 e 1994, ano em que obteve o primeiro de seus cinco mandatos de deputado federal.

Foi líder do PP na Câmara ao longo do segundo mandato de Lula. Em meio à fritura, disse ser vítima de fogo amigo e afirmou ser vítima de preconceito contra nordestinos. Disse ainda que discriminação contra as mulheres torna alvos o governo Dilma e seus ministros. É casado com Vilma Negromonte, prefeita da cidade de Gloria (BA), e é pai de três filhos.

Quem é o novo ministro

Deputado federal de primeiro mandato e líder do PP, o novo ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, da Paraíba, é formado em engenharia civil e administração de empresas, com especialização pela Fundação Getulio Vargas (FGV) em gestão empresarial.

Em seu Estado, o parlamentar ocupou uma série de cargos públicos como o de secretário de Agricultura, Irrigação e Abastecimento. Ribeiro também foi titular da Secretaria de Ciência e Tecnologia de João Pessoa e da Secretaria de Ciência e Tecnologia, Recursos Hídricos e Meio Ambiente do Estado.

Na Câmara dos Deputados, ele integrou as comissões de Finanças e Tributação e a de Minas e Energia. Ribeiro também foi suplente na Comissão Especial de Reforma Política. Ele é autor de uma proposta de emenda à Constituição (PEC) que institui o sistema distrital misto. O deputado também foi suplente do Conselho de Ética da Câmara.

O sucessor de Mário Negromonte na pasta das Cidades foi ainda titular da Subcomissão Especial da Reforma Tributária, da Subcomissão Especial de Royalties e da Subcomissão Especial do Pré-Sal. Como suplente, ele integrou a Subcomissão Permanente do Sistema Financeiro.

(Com Agência Brasil)

 

 

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