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PSDB quer explicações de Lula sobre “controle político” que diz ter sobre CPI do Cachoeira

O líder do PSDB na Câmara, Bruno Araújo (PE), disse estar estarrecido com as declarações de Lula de que teria o “controle político da CPI do Cachoeira” e que poderia oferecer “proteção” ao ministro Gilmar Mendes. O petista teria afirmado ao magistrado, em encontro no escritório do ex-ministro Nelson Jobim, que ele não precisaria se preocupar com as investigações em curso.

O ex-presidente fazia alusão a uma suposta viagem do ministro a Alemanha, acompanhado pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO) e que teria sido custeada por Cachoeira. O fato foi desmentido categoricamente por Mendes, que diz possuir documentos comprovando o pagamento próprio de todas as despesas.

Ao mesmo tempo, Araújo considera “inadmissível que qualquer autoridade, especialmente um ex-presidente, tenha em seu poder informações fundamentais para as investigações e que, ao contrário de partilhá-las, faça uso político das mesmas utilizando-as inclusive para fazer ameaças veladas aos integrantes da mais alta corte do país”. Ainda de acordo com o líder, “esse tipo de intromissão no funcionamento do STF demonstra que Lula não tem a real dimensão do que representa a posição de um ex-presidente”.

“Nós já vínhamos denunciando a utilização político-partidária da CPI por parte de integrantes do PT e membros da base aliada do governo. Esse episódio apenas comprova algo que é notório”, ressaltou o parlamentar do PSDB.

Segundo o deputado, está cada vez mais clara a estratégia do Planalto de limitar as investigações ao governador Marconi Perillo, apesar da inequívoca ligação do grupo criminoso investigado com outros governadores, especialmente o petista Agnelo Queiroz (DF). “Essa não pode ser a CPI de um partido e muito menos de um ex-presidente contra seus opositores e nem pode ser usada para desviar o foco do julgamento do mensalão. A declaração do Lula pode comprometer a lisura das investigações da CPI e expor seu resultado e todos os integrantes da comissão ao descrédito”, lamentou.

O encontro e o teor da conversa foram confirmados pelo ministro Gilmar Mendes, que afirmou ainda ter ficado “perplexo com o comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”. Mendes também relatou o encontro a dois senadores, ao procurador-geral da República e ao advogado-geral da União. O ex-presidente avançou ainda mais: segundo Gilmar Mendes, Lula teria declarado que já estava atuando diretamente em contatos com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para influenciar no julgamento do mensalão, por meio de encontros pessoais ou delegando a terceiros a função de ter conversas semelhantes com os integrantes da corte.

A assessoria técnica do PSDB na Câmara analisa se alguma medida deve ser tomada e qual seria o foro adequado onde o ex-presidente pudesse partilhar as informações privilegiadas que possui. Qualquer decisão será anunciada pelo líder Bruno Araújo após discussão do assunto na bancada tucana no Congresso.

 

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