Folha de S.Paulo –
RUBENS VALENTE, ANDREZA MATAIS E FILIPE COUTINHO
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), não apresentou à Justiça documentos que comprovariam a regularidade da compra de uma casa de 549 m² de área construída no valorizado Setor de Mansões Dom Bosco, em Brasília.
Agnelo comprou a casa em 2007 por R$ 400 mil, poucos meses após deixar o cargo de ministro do Esporte. Um ano antes, em 2006, seu patrimônio total somava R$ 224 mil.
A compra do imóvel foi revelada pela revista “Época” em 2010. Agnelo processou os dois repórteres que assinaram a reportagem. Na ação, ele foi instado pela Justiça a provar que a revista estava errada ao levantar suspeitas, mas não conseguiu.
À Justiça, Agnelo disse que comprou a casa com dinheiro de um empréstimo, mas se recusou a entregar cópia do Imposto de Renda (IR) para comprová-lo. Encaminhou apenas comprovantes de entrega de declarações.
À revista “Época”, Agnelo havia dito que comprou o imóvel com suas economias e de sua mulher. No IR de Agnelo de 2010 entregue à Justiça eleitoral não consta qualquer empréstimo.
“Esses extratos não demonstram sequer que a aquisição da casa foi incluída nas declarações de IR”, disse a juíza Priscila Faria da Silva.
A documentação entregue, segundo a juíza, “não faz prova cabal da regularidade na aquisição da casa e na evolução patrimonial”.
Em maio, a juíza condenou Agnelo a pagar R$ 3 mil aos jornalistas, além das despesas processuais e honorários.
A casa de Agnelo foi comprada do empresário Glauco Santos, que tinha interesses na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) quando o governador era diretor do órgão. Glauco era dono da importadora Saúde Import, cuja liberação para funcionamento foi dada por Agnelo.
Em 2008, a mãe e a irmã do petista compraram restaurantes do mesmo empresário.
Agnelo deve depor na CPI do Cachoeira amanhã. Ele será cobrado a explicar suas relações com o grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, preso desde fevereiro, acusado de corrupção.