Início Saiu na imprensa Em vez de trabalho, congresso da CUT discute o mensalão

Em vez de trabalho, congresso da CUT discute o mensalão

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O ex-ministro José Dirceu, denominado chefe da quadrilha pelo procurador-geral da República no processo, foi tietado por sindicalistas

Thais Arbex
O mensaleiro José Dirceu foi tietado por sindicalista na abertura do Congresso da CUTO mensaleiro José Dirceu foi tietado por sindicalista na abertura do Congresso da CUT (Folhapress) 

Em vez de questões trabalhistas, o tema que ganhou relevância na abertura do 11º congresso da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi o julgamento do processo do mensalão – com direito a tietagem a alguns do réus do maior escândalo de corrupção do Brasil. O ex-ministro José Dirceu (considerado o chefe da quadrilha, de acordo com o procurador-geral da República) foi ovacionado pelos sindicalistas presentes ao evento, realizado em São Paulo. Teve de posar para fotografias com os participantes. Mais discreto, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares também circulou pela assembleia.

O congresso ocorreu um dia depois do novo presidente da CUT, Vagner Freitas, declarar que a central sindical vai às ruas caso haja politização do julgamento do mensalão, marcado para começar em 2 de agosto no Supremo Tribunal Federal. Os mensaleiros dividiram espaço com o candidato a prefeito de São Paulo e ex-ministro da educação Fernando Haddad, o senador Eduardo Suplicy e o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia. O ex-presidente Lula cancelou sua participação horas antes por recomendação médica.

Desarmamento do julgamento – Pouco antes de discursar, Marco Maia criticou o dia escolhido para iniciar o julgamento por causa da campanha eleitoral. “Não é a mais adequada nem a mais equilibrada”, afirmou. “Qualquer denúncia, qualquer acusação feita durante o processo eleitoral no Brasil vira disputa política.” Ele usou a palavra ‘desarmamento’ para pedir menor pressão sobre os ministros do STF. Para ele, há pressão da imprensa, dos movimentos sociais e dos partidos políticos. “Estou em uma campanha pelo desarmamento. Quero que o julgamento do mensalão ocorra de forma natural e tranquila e que não seja contaminado pelo debate eleitoral”, disse. “Todos nós, que estamos envolvidos com política, temos que cumprir o papel para garantir que o julgamento ocorra sem que haja politização”, disse.

Freitas recuou das declarações de que a central sindical pode mobilizar trabalhadores contra um julgamento político do mensalão, embora não tenha descartado uma manisfestação pública contra o STF. “Não temos dúvida nenhuma de que teremos um julgamento técnico. O Supremo, como órgão competente que é, tem toda a confiança da população brasileira para fazer um julgamento no campo técnico, daquilo que está nos autos”, disse.

Eleições – Um dos principais convidados do evento, Fernando Haddad teve participação discreta. Sem a presença de Lula, o petista foi chamado ao palco como “ministro licenciado”. Haddad pediu demissão do Ministério da Educação em janeiro deste ano para disputar a eleição na capital paulista. Embora não tenha feito referência ao pleito de outubro, o presidente da CUT, Artur Henrique, afirmou que a central “não tem vergonha de dizer que a CUT tem lado. Vamos percorrer todo o país com a militância para dizer que temos lado”.

 

 

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