É o que dá fazer-se passar pelo que não se é. A presidente Dilma Rousseff, de quem não se pode dizer que tenha a facilidade para se expressar entre os seus presumíveis atributos, tentou imitar o patrono Lula – imbatível em matéria de se comunicar com o grande público. Querendo dizer uma coisa, numa linguagem que não domina, acabou atropelada pelas próprias palavras. Em um comício em João Pessoa, a pretexto da entrega de um conjunto habitacional, a presidente pregou a civilidade política no trato com os adversários, quando se ocupa um cargo eletivo, em contraposição à crueza das batalhas eleitorais. No primeiro caso, “temos que nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto do povo”, discursou. Já nas campanhas, “podemos brigar, podemos fazer o diabo”.
Pode-se deduzir que ela se traiu ao legitimar o vale-tudo na disputa pelas urnas, quanto mais não fosse porque é assim que o seu mestre opera. Mas pode ser também que o diabo entrou na história apenas porque a discípula, diria aquele, “forçou a barra”, na ânsia de ser coloquial e aparentar sintonia com o léxico de sua plateia. Prova disso, decerto, foi ela incluir o desfrute de “uma cervejinha” entre as alegrias de quem passa a morar em casa própria – puro Lula. Leia AQUI