“Ouvi que vai ter neve amanhã”, diz a dona de casa. “Não vou entrar na fila por isso”, retruca a vizinha. Após levar horas para obter sua ração, um homem parte furioso, dizendo que vai matar o líder Gorbatchov. Volta logo e frustrado: lá a fila estava ainda maior. Assim era o humor popular sob as ditaduras socialistas do leste europeu. Caviloso, sarcástico e às vezes masoquista. Servia como válvula de escape em regimes que reprimiam a informação e o contraditório. Rebatia, com a tinta da penúria cotidiana, a propaganda oficial laudatória.
A presidente Dilma Rousseff exerce um estilo de governo que por vezes lembra o solipsismo dos secretários-gerais soviéticos. Obsessiva pelo controle da informação, distanciada do mundo sublunar da política congressual e partidária, desconfiada dos assessores e da própria sombra. Leia AQUI.