Depois de quatro anos de farra e de irresponsabilidade no manejo das contas públicas, a presidente Dilma Rousseff pede ao Congresso a legalização da esbórnia fiscal – em outras palavras, a abertura de uma porta para qualquer desmando em seu segundo mandato. Para abrir essa porta, senadores e deputados terão somente de aprovar o projeto de alteração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deste ano, enviado ao Legislativo na terça-feira. Pelo projeto, o governo poderá até converter em superávit um déficit primário, realizando uma façanha até agora fora do alcance de sua mundialmente famosa contabilidade criativa. Será a desmoralização final do regime de metas fiscais, um dos pilares cada vez mais precários da também precária estabilidade econômica. Os outros dois pilares, o sistema de metas de inflação e o esquema de câmbio flexível, também foram severamente erodidos a partir de 2011, por uma mistura corrosiva de populismo, incompetência e permissividade.
De janeiro a setembro, a receita líquida do governo central foi 6,4% maior que a de um ano antes, em valores correntes. Mas a despesa ficou 13,2% acima da contabilizada nos mesmos nove meses de 2013. Com a despesa crescendo o dobro da receita, outras explicações soam como escárnio. Mas o governo insiste em posar como vítima das circunstâncias. Leia AQUI.