O desejo incita à ação; a percepção do tempo incita o conflito entre desejos. Desfrutar o momento ou cuidar do amanhã? São perguntas das quais não se escapa. Mesmo que deixemos de fazê-las elas serão respondidas por nossas ações.
O que vale para o indivíduo vale também para as escolhas coletivas. O embate entre os apelos do presente e o futuro sonhado é um traço inalienável da condição humana. No conto “O Empréstimo”, Machado de Assis retrata os percalços de um homem com “a vocação da riqueza, mas sem a vocação do trabalho”. A resultante desses impulsos discrepantes era uma só: dívidas.
O Brasil parece abrigar condição semelhante. Temos a vocação do crescimento, mas sem a vocação da poupança. E a resultante dessa inconsistência, quando não é inflação (como na mobilização de poupança forçada de JK) ou crise do balanço de pagamentos (como no abuso da poupança externa sob Geisel), tem sido uma só: juros cronicamente elevados. Leia AQUI