O deputado estadual Evandro Losacco defendeu a retomada das discussões sobre a reforma política, “abandonada” depois de ter sido reconhecida como necessária para melhorar o sistema de representação política no Brasil.
Considerando-a como “a mãe de todas as reformas”, Losacco entende que qualquer reforma deve considerar a adoção do voto distrital no Brasil e uma mudança no formato na estrutura das eleições.
“Qualquer modelo de voto distrital é melhor do que o atual sistema, que além de encarecer as eleições, permite que muitas regiões fiquem sem representantes nos parlamentos. Eu sou favorável à adoção do voto distrital misto, com o eleitor escolhendo um candidato de sua região e outro a partir de uma lista partidária; mas, reconheço que até outro modelo, desde que seja distrital, irá melhorar muito a qualidade dos nossos representantes”, avalia.
Evandro Losacco explica que o voto distrital misto democratiza ainda mais a representatividade política, porque além do voto universal, todas as regiões passam a ter um representante, o qual estará sempre bastante próximo de seus eleitores.
E também valoriza os partidos, que precisará compor chapas com candidatos bastante qualificados para atrair votos.
Há outro fato gravíssimo: a soma dos votos de todos os parlamentares eleitos na Câmara Federal é menor do que 35% dos votos válidos; ou seja, 65% de todos que efetivamente votaram, não estão representados no parlamento.
Outra lógica eleitoral
O deputado Evandro Losacco, que fez esta defesa em seu último discurso na Assembleia Legislativa, na quarta-feira (13/03), também defendeu uma grande mudança estrutural das eleições. “Não faz muito sentido termos uma eleição para cargos de atuação nacional e regional na mesma data. Quando estão em disputa os cargos de Presidente e Governador, por exemplo, as discussões se concentram na eleição presidencial e isso prejudica o debate e o interesse dos eleitores em relação aos temas estaduais”, explica.
“O ideal seria termos as eleições separadas, porém, mantendo o intervalo de dois anos entre uma e outra. Assim, em um ano teríamos a eleição para Presidente da República, Senadores e Deputados Federais e, dois anos depois, para Governadores, Deputados Estaduais, Prefeitos e Vereadores.”
Essa nova divisão, segundo Losacco, traz mais lógica ao processo eleitoral e melhora a qualidade do debate, pois em uma eleição, todos discutem as questões nacionais; e na outra, as questões regionais e locais.
O deputado manifestou ao Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo Cauê Macris, que lidere um movimento junto a presidentes das demais Assembleias de todos os estados brasileiros, no sentido de pressionar a Câmara dos Deputados e o Senado a retomarem as discussões das propostas de reforma política.
“As eleições, no atual modelo, são muito caras e não permitem uma representatividade de fato. Os movimentos populares que defendem a renovação na política, precisam se conscientizar de que a verdadeira renovação só será possível se houver mudança no sistema eleitoral; e a classe política precisa se engajar de fato para que este assunto avance”.
Ele ainda ponderou que apesar de um fundo eleitoral e partidário de R$ 2 bilhões em 2018, esse dinheiro não foi suficiente para bancar todas as candidaturas, sendo necessárias muitas doações. “O voto distrital irá baratear a eleição e permitir que o eleitor se identifique muito mais com os candidatos, que serão da mesma região onde vivem e com os quais poderão ter mais contato após a eleição”.