Espaço será transformado em um centro de cultura e economia criativa voltado especialmente a formação artística dos jovens
De símbolo do culto à personalidade e envolvido em escândalos de desvios de recursos do PT, o espaço onde seria abrigado o Museu do Trabalhador (ou do Lula), em São Bernardo do Campo, será transformado no maior equipamento das Fábricas de Cultura de São Paulo.
Hoje, o Governador João Doria acompanhou, o início das obras da próxima Fábrica de Cultura a ser instalada em São Paulo e a primeira unidade de São Bernardo do Campo. O prefeito Orlando Morando oficializou o início dos serviços que deverão durar cerca de cinco meses. Após a conclusão da obra, o prédio será gerido pelo Estado, que lançará chamamento público para contratação da Organização Social que executará os projetos culturais.
“O museu seria feito e entregue fundamentalmente para cultivar a personalidade de uma única pessoa. Agora, será um museu para cultivar a personalidade de todos aqui de São Bernardo do Campo. Aqui será a Fábrica da Cultura, que será um mega equipamento porque nós temos aqui 12 mil m² de área. Não há nenhum outro equipamento da Fábrica de Cultura com esta dimensão no Estado de São Paulo. Até março do ano que vem, toda obra estará concluída e, até a metade do ano, o equipamento deverá estar funcionando. Teremos um equipamento funcional, inovador e digital”, destacou o Governador.
O programa Fábrica de Cultura é desenvolvido pelo Governo do Estado desde 2011 e oferece em espaços gratuitos, principalmente para jovens, atividades e formação artística nas mais diversas áreas e linguagens, como teatro, dança, música, circo, biblioteca e multimeios. O programa promove o desenvolvimento das pessoas por meio da valorização e ampliação de universos culturais, de situações de convivência e experiências artísticas.
A unidade de São Bernardo será instalada na região central do município, nas proximidades do Paço Municipal. Em 2017, foi assinado convênio com a atual gestão da prefeitura para viabilizara instalação da Fábrica da Cultura, contudo, as obras não puderam ser iniciadas por determinação da Justiça. Em setembro, a Prefeitura de São Bernardo conseguiu junto à Justiça a liberação da troca do projeto para o prédio, finalizou o processo licitatório e contratou empresa (Harus Construções Ltda) para concluir por R$ 4,5 milhões.
Escândalos
Alvo da Operação Hefesta, deflagrada pela Polícia Federal (PF), Ministério Público (MPF) e Controladoria-Geral da União (CGU), em 2016, o projeto de construção do Museu do Trabalho foi iniciado em São Bernardo no ano de 2012, com a promessa de conclusão em janeiro de 2013. Ao longo deste período, a obra milionária foi abandonada. Além disso, a Construções e Incorporações CEI, vencedora da licitação, envolveu-se em série de escândalos, como manter um eletricista desempregado em seu quadro societário.
A investigação sobre o empreendimento culminou na prisão temporária de dois ex-secretários de São Bernardo, por suspeita de práticas irregulares e crime de corrupção. Estima-se que cerca de R$ 7,9 milhões foram desviados do projeto. Em sua decisão, o magistrado relembrou concepção questionável do projeto do museu., citando “indícios de que agentes públicos teriam frustrado procedimento licitatório e facilitado o enriquecimento ilícito de terceiro”.