Tal como outras iniciativas suas, a mais nova invenção do prefeito Fernando Haddad – a criação das chamadas “vagas vivas” em calçadas – confirma a desagradável impressão de que ele com frequência improvisa soluções, de preferência vistosas, para problemas cuja complexidade lhe escapa. Muitas de suas propostas, sem o embasamento de estudos técnicos – se estes existem, por que nunca apareceram? -, têm por isso muito mais pirotecnia voltada para as eleições do que a seriedade e a consistência que os problemas de uma cidade como São Paulo exigem.
Haddad anunciou que será feita em breve uma chamada pública para empresas que possam ter interesse em instalar deques para estender a calçada em ruas com velocidade máxima de circulação de 40 km/h. “É para as pessoas se sentarem e eventualmente abrir espaço para o comércio local, na cidade inteira, com mesas e bancos”, explicou ele, que vê nessas vagas um “respiro” urbano, seja lá o que isso significa. Entusiasmado e sem a modéstia que os resultados limitados de sua administração até agora recomendam, Haddad prevê: “Vai ser um sucesso na cidade, porque há muita carência de espaço público”. A seu ver, as tais vagas são tão importantes para a mobilidade e a apropriação do espaço público quanto as faixas exclusivas para ônibus.