Oliveira Lima diz que mensalão não existiu e que ex-ministro será absolvido.
Dirceu perdeu cargo no governo e teve mandato de deputado cassado.
O advogado do ex-ministro José Dirceu, José Luís Mendes de Oliveira Lima, classifica como “ficção” a afirmação feita em 2006 pelo então procurador-geral da República, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, na denúncia do mensalão.
Segundo ele, Dirceu era chefe da suposta organização criminosa que teria sido criada para comprar votos favoráveis de parlamentares a projetos de interesse do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. Os 38 réus do caso, entre os quais Dirceu, começam a ser julgados no próximo dia 2 pelo Supremo Tribunal Federal.
“Essa afirmação nada mais é do que uma uma ficção feita pelo Ministério Público, que em momento algum comprovou as suas afirmações”, afirmou.
O advogado afirma que o mensalão não existiu, que o Ministério Público Federal não conseguiu provar as acusações contra seu cliente e que por isso mesmo tem “absoluta convicção” de que Dirceu será absolvido. O ex-ministro e ex-deputado responderá no julgamento às acusações de corrupção ativa e formação de quadrilha.
Coordenador-geral da campanha que elegeu o presidente Lula em 2002, Dirceu comandou a equipe de transição de governo.
Eleito no mesmo ano deputado federal, licenciou-se para assumir a chefia da Casa Civil. Após as denúncias, perdeu o cargo de ministro em junho de 2005 e teve o mandato parlamentar cassado pela Câmara dos Deputados seis meses depois. Também ficou inelegível por oito anos.
Leia abaixo a entrevista com o advogado de Dirceu, José Luís Mendes de Oliveira Lima.
G1 – O mensalão existiu?
José Luís Mendes de Oliveira Lima – Não é verdade a afirmação feita pelo Ministério Público da suposta existência do mensalão. Não há nos autos nenhuma prova, nenhum documento, nenhum depoimento neste sentido. O que há nos autos é exatamente o contrário. Todas as testemunhas que foram ouvidas durante a ação penal 470 desmentem categoricamente a afirmação feita pelo ex-deputado Roberto Jefferson que foi cassado porque mentiu.
G1 – Qual a expectativa do sr. para o julgamento?
Oliveira Lima – A expectativa é de absolvição do ex-ministro José Dirceu, uma vez que não há nenhuma prova contra ele.
G1 – Que legado esse julgamento deixará?
Oliveira Lima – Por mais que uma parcela da opinião pública queira dar um sensacionalismo inadequado, um julgamento que foi feito dentro dos trâmites legais, dentro do processo legal, garantindo a atuação da acusação e da defesa.
G1 – O procurador diz na denúncia que o ex-ministro José Dirceu era um chefe de quadrilha. Qual a avaliação que o senhor faz?
Oliveira Lima – Essa afirmação nada mais é do que uma ficção feita pelo Ministério Público que em momento algum comprovou as suas afirmações.
G1 – O que mudou na vida do ex-ministro José Dirceu e qual a participação dele em eventos políticos?
Oliveira Lima – O ex-ministro leva uma vida normal, exercendo seus atos de cidadania e fazendo política como sempre fez sua vida toda.
G1 – Dentro do PT ele continua com a mesma atuação?
Oliveira Lima – Isso não tenho como esclarecer.
G1 – Há uma preparação especial para esse julgamento?
Oliveira Lima – Há uma leitura das principais peças novamente.
G1 – O sr. considera que houve chance de defesa para o cliente do senhor?
Oliveira Lima – Não tive em momento algum minha atuação cerceada nesta ação penal 470.