Por Duarte Nogueira
Muitas vezes nas reuniões de pais de alunos é possível perceber muitas coisas óbvias que deixamos de fazer. Há lembretes da professora, inspetora de alunos, diretora e até de outros pais mais atentos ao cotidiano de seus filhos. São alertas que até julgamos desnecessários em um primeiro momento, mas em uma reflexão mais apurada percebemos que precisamos sim do chamado de atenção, do “puxão de orelhas”. Porque deixamos de lado por mera desatenção.
É assim na convivência cotidiana. Sem prestar atenção, deixamos de tomar atitudes necessárias. Ou fazemos coisas que em uma situação de cuidado maior não faríamos. Acontece, por exemplo, de pessoas depositarem lixo em local inadequado, desperdiçarem água, energia elétrica, combustíveis e outros bens tão caros e necessários à vida em sociedade. Uma falta de cuidado impulsionada por algum hábito ou por um descuido momentâneo. Ninguém, de forma deliberada, sai espalhando lixo.
Iniciamos esta semana com uma coletiva de imprensa, na manhã de segunda-feira, dia 28, falando do aumento de casos de dengue, em janeiro, não apenas em Ribeirão Preto, mas também em cidades da região, com registro inclusive de mortes pela doença. Foram 52 casos em 26 dias deste mês que hoje se encerra. Em janeiro do ano passado a Secretaria Municipal da Saúde registrou 45 casos, contra 16 em janeiro de 2017. Quando da epidemia, em janeiro de 2016, foram 9.346 casos.
Fizemos a divulgação em função da gravidade e para buscar na população o apoio necessário para combater o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela. Precisamos que as pessoas se atentem para os riscos que podem ser evitados. Não precisamos chegar a milhares de casos para acender a luz de alerta. Esta deve estar sempre acesa.
E buscamos a colaboração da população por um motivo muito simples: 80% dos criadouros do mosquito estão nas casas das pessoas e em seus locais de trabalho. Só com a imprescindível atuação da sociedade, em todos os seus níveis, vamos combater a reprodução do mosquito que transmite as doenças acabando com os criadouros, que estão em vasos, vasilhas e outros recipientes que acumulam água limpa. O poder público pode e deve atuar na prevenção, na realização de campanhas de conscientização, na limpeza de locais públicos, mas eliminar os criadouros nos imóveis é a ação mais importante e eficaz. E esta só pode ser realizada pelos responsáveis por estes locais.
Além dos prédios ocupados, temos os imóveis disponíveis para venda e locação e que também precisam de vistorias constantes. Neste caso precisamos da atenção das administradoras de imóveis, corretores e proprietários de imóveis que fazem suas locações por conta própria. O que não podemos, de forma alguma, é deixar passar a oportunidade de limpar os nossos locais para eliminar o mosquito. Porque as demais medidas têm eficácia limitada. Devemos, ainda, evitar o descarte irregular de lixo para manter limpos locais públicos que podem se transformar em pontos de criação do Aedes.
Sempre tivemos a felicidade de contar com a colaboração das pessoas. Eventuais descuidos ocorrem justamente pela ausência de um lembrete. Alertas como os que as autoridades da saúde fazem de tempos em tempos têm a missão de lembrar a necessidade de reforçar as ações preventivas quando a situação apresenta riscos de aumento nos casos de doenças evitáveis, como é o caso agora.
Tenho convicção de que mais uma vez encontraremos resposta positiva das pessoas, como encontramos já dos veículos de comunicação, sempre prontos a divulgar as formas e caminhos da prevenção.