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Cravo e ferradura

O governo federal reagiu às jornadas de junho usando o “drible Neymar”, consagrado no jogo contra o México no dia 19 de junho passado. Faz uma abertura à esquerda na política, sinaliza um giro à direita na economia e sai pelo meio. Dos cinco pactos propostos pela presidente, os dois mais importantes –plebiscito sobre a reforma política e compromisso com a responsabilidade fiscal– apontam em direções opostas.

O plebiscito é um antigo sonho da esquerda. Foi incluído na Constituição de 1988 para viabilizar o parágrafo único do artigo primeiro da Carta, no qual consta que a soberania popular se exerce também “diretamente”. Como, hoje, boa parte do Congresso faz campanha com dinheiro aportado por empresas, sabe-se que dificilmente aprovará mudanças que restrinjam o peso do poder econômico nas eleições. Assim, se a elite política recusa-se a abrir mão de privilégios, nada mais apropriado do que recorrer à participação direta para furar o bloqueio.

Note-se, contudo, que tendo sido desfraldada de supetão, a bandeira do plebiscito implica uma série de dificuldades para os que desejam vivificar as instituições. Leia AQUI

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