Recessão, inflação elevada, crise política e até Operação Lava Jato são os componentes mais vistosos das novas projeções do Banco Central (BC). Pode haver algum otimismo na mensagem, mas sem excesso. A economia encolherá 0,5% em 2015 e a produção industrial diminuirá 2,3%, recuando pelo segundo ano consecutivo. Os preços ao consumidor subirão 7,9% de janeiro a dezembro deste ano. A alta ficará em 4,9% no próximo e em 4,7% no primeiro trimestre de 2017. Continuará, portanto, acima da meta oficial (4,5%), mas na trajetória de convergência. Essas estimativas estão no Relatório de Inflação, um amplo panorama econômico divulgado a cada três meses e esmiuçado palavra por palavra, número por número, pelos analistas do mercado. Nenhum ponto da exposição e da análise, desta vez, permite uma aposta segura sobre os próximos aumentos de juros. No mercado, as bolas de cristal indicaram acréscimos de 0,25 a 0,75 ponto porcentual ainda em 2015.
As projeções do relatório são um pouco mais otimistas que as do setor financeiro – retração econômica de 0,83% neste ano e inflação de 8,12% em 2015 e 5,61% em 2016, segundo pesquisa Focus do dia 20, realizada pelo próprio BC. Mas no essencial os dois conjuntos de estimativas se assemelham, apontando redução do Produto Interno Bruto (PIB) e inflação próxima de 8% neste ano. Uma novidade significativa do relatório, ignorada ou menosprezada pela maior parte dos analistas, é a referência, logo na introdução, a medidas recentes e à orientação da política fiscal. Leia AQUI