Início Eleições 2012 Geraldo Alckmin: vocação para a vida pública

Geraldo Alckmin: vocação para a vida pública


Filho de Geraldo José Rodrigues Alckmin e de Míriam Penteado, o médico anestesista Geraldo Alckmin descobriu a vocação política aos 19 anos, ainda no primeiro ano da faculdade de Medicina, quando se filiou ao antigo Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Em 1972, o atual governador do Estado de São Paulo iniciou sua carreira política como vereador de Pindamonhangaba, cidade onde nasceu, e não parou mais.
Casado com Maria Lúcia Ribeiro Alckmin e pai de três filhos, Alckmin também foi deputado estadual e federal, além de vice-governador, no mandato de Mário Covas, em 1994. Atualmente, cumpre o terceiro mandato como governador de São Paulo, estado com o maior PIB do país, correspondendo a cerca de 33,1% do total de riquezas produzidas em solo brasileiro. Com mais de 41 milhões de habitantes, São Paulo tem o terceiro maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o segundo maior PIB per capita, a segunda menor taxa de mortalidade infantil e a quarta menor taxa de analfabetismo entre as unidades federativas do Brasil.
O deputado federal ribeirãopretano Antonio Duarte Nogueira Júnior integra o mesmo partido de Alckmin, o PSDB. Filho de Antonio Duarte Nogueira, o engenheiro agrônomo seguiu os caminhos do pai, disputando a prefeitura de Ribeirão Preto ainda jovem, aos 28 anos. Não foi eleito, mas sua votação expressiva rendeu um convite de Mario Covas para assumir a Secretaria de Habitação de São Paulo. De lá para cá, são quase 20 anos de convivência política, que se transformaram em admiração, expressa em bate-papo informal para a Revide durante a visita do governador a Ribeirão Preto.

Nogueira: Somos do mesmo partido, viemos de cidades interioranas, e a sua trajetória política me inspirou muito também. Em 20 anos, tivemos a oportunidade de poder conviver com líderes políticos, então, gostaria de saber como foi sua experiência de exercer desde o cargo mais tenro da vida política e chegar a governador de São Paulo, o que é mais significativo para você nesse processo?
Alckmin: Acredito que a vida pública é mais do que uma vocação, é um dom. É preciso gostar de gente, gostar das pessoas. Tem gente que é artista, pintor, escultor ou músico. Independentemente da profissão, é preciso gostar do que se faz. Aristóteles definiu a política “como a arte e a ciência ao encontro do bem comum”. A arte é um dom e a ciência, a preparação. Ambas são tarefas importantes e complexas. Por isso é preciso se preparar diuturnamente: preparar-se sem descanso, cercar-se das melhores pessoas, prometer menos e entregar mais e prestar serviço à população. Política bem feita, já dizia Santo Agostinho, é amor ao próximo, é servir as pessoas. Fico feliz de ver você, mais jovem, dedicado à tarefa da vida pública, porque nós precisamos das novas gerações para “segurar a peteca”. Aliás, você herdou do seu saudoso pai a vocação para servir a comunidade.


Nogueira: Na sua vida pública, qual foi o momento mais difícil, mais tenso?

Alckmin: Sou anestesista e, nesta função, o profissional deve saber controlar o estresse. Imagine esse especialista ter um caso grave nas mãos, ficar nervoso e se perder? Por isso é fundamental reduzir o estresse. Eu diria que, por mais difíceis que sejam as decisões políticas ou os resultados das campanhas eleitorais, é preciso participar da disputa e nem sempre a disputa é igual. Mas posso dizer que, quando fui candidato à presidência da República, em 2006, percebi como é difícil fazer campanha em um país continental como o Brasil. De um lado está essa dificuldade, mas, do outro, está a enorme alegria de tentar ajudar mais pessoas. Diz o ditado que a maior vocação de um homem e de uma mulher é servir a seu semelhante. Esta é a maior realização que podemos ter: servir ao outro e, principalmente, quem precisa mais, quem está sofrendo mais. A atividade pública nos dá os instrumentos para servir um número maior de pessoas. Se eu não fosse governador, não teria como atuar nos 645 municípios do Estado de São Paulo.

Nogueira: Como classificaria esses últimos seis meses, em que foram liberados cerca de R$ 600 milhões para investimentos em Ribeirão Preto em diversas áreas?
Alckmin:
 Eu diria que a principal meta é a educação. Lançamos um programa chamado Creche Escola, dirigido aos 645 municípios paulistas. Assim, estamos liberando recursos para ampliar rapidamente o desenvolvimento do ensino infantil, da creche, da pré-escola e, depois, das escolas em tempo integral. Pretendemos ampliar as escolas públicas nessas áreas. Em seguida, investimos na Escola Técnica Estadual (ETEC) José Martiniano, que será reformada, ampliada e modernizada, com investimentos de mais de R$ 20 milhões. A Faculdade de Tecnologia (FATEC) também teve as obras liberadas no dia 7 de maio, na Vila Virgínia, e deverá estar pronta em 15 meses. O projeto prevê a construção de um prédio com três pavimentos, onde inicialmente serão implantados três cursos: um na área de Tecnologia de Informação, outro na área de construção civil e o terceiro na área de sistemas biomédicos, suprindo, dessa forma, as necessidades da indústria de equipamentos hospitalares e médico-odontológicas. Lembro também da Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto, evento que já visitei e acho muito bacana. Um bom exemplo da importância do projeto é, por exemplo, o Cartão Livro, porque melhora a autoestima dos estudantes, que recebem seu dinheirinho para comprar os livros que quiserem. Além disso, o projeto fortalece a cultura e o hábito da leitura. Minha esposa Lu só dá livros e revistas para minha netinha, estimulando o hábito da leitura desde pequena.


Nogueira: Que outras áreas foram beneficiadas?
Alckmin: Na saúde, por exemplo, aplicamos R$ 120 milhões em quatro prestadores de serviços. O primeiro deles é o Hospital das Clínicas, que terá a unidade coronariana e os leitos de UTI ampliados, assim como a estrutura será modernizada, com aquisição de novos equipamentos, entre outras melhorias. Outros R$ 47 milhões foram destinados ao Hospital da Criança e Mater, ampliando os investimentos na área materno-infantil. Por último, o Hospital de Serrana receberá investimentos para garantir a retaguarda da região nas áreas de cirurgia, UTI, Neurologia e Psiquiatria. Já na área de infraestrutura, entregamos o viaduto da Avenida Henri Nestlé e, agora, terá início a reformulação do Trevo Waldo Adalberto da Silveira, o Trevão, uma das maiores obras viárias do país.

Nogueira: A Faculdade de Medicina da USP tem 60 anos, assim como o Aeroporto. O Trevão passou dos 40 anos de implantação e a Agrishow acaba de completar duas décadas. As consideráveis mudanças e/ou melhorias implementadas em todos os itens dessa lista mostram a importância da região para São Paulo?
Alckmin:
 Todos esses investimentos visam ao desenvolvimento, atraindo empresas, gerando mais empregos e novas oportunidades. Os cidadãos buscam determinadas cidades por causa do trabalho. Por isso, o melhor instrumento de desenvolvimento é geração de emprego e de oportunidades. Um evento como a Agrishow, por exemplo, que recebeu 150 mil visitantes, é sinal de que a sua garantia por mais 30 anos valeu a pena, o que vai permitir que a Feira, que já é a maior da América Latina, torne-se ainda mais consolidada e continue crescendo. Em complemento a isso, teremos, inclusive, uma cidade de tecnologia agrícola em Ribeirão Preto. Para isso, estamos trazendo o Museu da Tecnologia Agrícola, que será interativo e servirá tanto para a promoção da cultura e da educação quanto ao laser e ao entretenimento. Já as obras de remodelação do Trevão vão acabar com o gargalo hoje existente no local, principalmente nos horários de pico, que se instaurou porque a frota de veículos praticamente dobrou nos últimos dez anos. É preciso adequar o modelo viário de toda a região para atender à demanda atual. Além disso, o modelo de transporte que mais cresce é o aeroviário e, por isso, também modernizaremos o aeroporto e prolongaremos a pista em meio quilômetro. Com isso, a melhor solução encontrada foi fazer com que a Avenida Thomaz Alberto Whatelly possa passar embaixo da pista de pouso e decolagem. Aliás, disseram que só o Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, teria esse sistema implantado, mas Ribeirão Preto também o terá. Vale a pena esperar para ver os resultados de todos esses projetos.

Texto: Rose Rubini
Fotos: Carolina Alves
Agradecimento: Canal 20

* Publicado em 16/05/2013

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