O Brasil está em 85º lugar no ranking de desenvolvimento humano (IDH) do Pnud, da ONU, que lista 187 países. Por seu tamanho e a força de sua economia, deveria estar numa posição melhor. Esse indicador mistura indicadores educacionais, de renda, pobreza, mas a educação tem um peso grande. Todo mundo sabe que o Brasil tem reduzido a desigualdade, mas mesmo assim, é um dos mais desiguais do mundo.
O governo reclamou – e tem razão -, dizendo que o Brasil tem dados mais atualizados. Só que outros países não têm a mesma agilidade na produção de estatísticas, e o Pnud tem que compararar dados dos mesmos anos, por isso acabou pegando números atrasados do Brasil.
Depois, a instituição, informalmente, refez os cálculos com os dados mais atualizados, e o IDH do país subiria para 0,754, de 0,730, e o Brasil, talvez, galgaria algumas posições no ranking.
Em vez de brigar com o “termômetro”, o governo deveria ver que, no geral, temos avançado, mas estamos muito atrasados no desenvolvimento humano e podemos avançar mais rapidamente, com metas mais agressivas de redução desse histórico atraso na área de qualidade de vida.
O país avançou na educação de 1990 para cá. A maior parte do esforço – como o do aumento da escolaridade (anos de estudo, em média, da população) ocorreu entre o fim dos anos 90 e o início do ano 2000. O ministro falecido Paulo Renato, que ficou oito anos no ministério, estabeleceu objetivos claros e os perseguiu durante esse período. O primeiro era o programa “Toda criança na escola”. O segundo, o sistema de avaliação. O PT, inicialmente, ficou contra a política de avaliacão e votou no Congresso contra o Fundef. Quando assumiu, abandonou em parte algumas políticas, trocou várias vezes de ministro, nem todos igualmente comprometidos com a educação, e demorou um pouco para pegar as políticas que haviam dado certo e aperfeiçoá-las. E isso se refletiu nas estatísticas. O Brasil continuou melhorando na educação, mas num ritmo mais lento. Espera-se agora que ande mais rápido.
Nessa área, as políticas devem ser de longo prazo e têm que ser suprapartidárias. Se é bem feita, o outro governo tem que continuar com a mesma.
A desigualdade começou a cair no finalzinho do governo FH, mas caiu mais fortemente no governo Lula com a ampliação dos programas sociais. Cada governo, portanto, fez uma parte. Mas tudo somado, ainda é pouco o que fizemos como país, e há muito a fazer.