Poderia ser um deboche, se o autor da frase fosse outra pessoa, mas o ministro da Fazenda, Guido Mantega, deve ter falado seriamente ao qualificar como “bom resultado” a inflação de outubro – 0,57%. Bom para quem? Não para os consumidores, com certeza, nem para quem acompanha, com preocupação crescente, o desarranjo cada vez mais grave da economia brasileira. O aumento de preços no varejo continuou em aceleração no mês passado. A tendência começou em agosto, depois de uma quase estabilidade em julho, quando a alta ficou em apenas 0,03%, uma taxa de país muito civilizado. O ritmo havia diminuído a partir do início do ano, graças, principalmente, a mais alguns truques do governo, como a redução compulsória das contas de eletricidade e o corte das tarifas de transporte público em várias cidades importantes. Mas o efeito dos truques logo se evaporou e os preços voltaram a um ritmo mais compatível com uma economia muito desajustada.